Uma resposta técnica mas também política
FOLHA DE SÃO PAULO - 07/09/09
O que se está anunciando atende claramente ao consenso entre os líderes do G20 no sentido de que o sistema financeiro global não poderia voltar ao "business as usual", ou seja, a fazer negócios como antes da crise, só porque há sinais de que o derretimento parou.
As regras desenhadas pelo BIS vão no sentido lógico: forçar os bancos a operar mais com capital próprio do que com o que o jargão chama de alavancagem -ou seja, trabalhar com dinheiro alheio, disseminando o risco, no pressuposto de que, espalhado, ele se dilui. A crise provou que o pressuposto é falso. Bastou quebrar um banco, o Lehman Brothers, para que todo o sistema ficasse de joelhos.
O lado político das decisões fica claro quando se lê trecho da carta que os primeiro-ministros Angela Merkel (Alemanha) e Gordon Brown (Reino Unido) e o presidente Nicolas Sarkozy (França) enviaram, na semana passada, aos ministros e presidentes de bancos centrais do G20 que se reuniriam em Londres: "Nossos cidadãos estão profundamente consternados ante o retorno de práticas reprováveis apesar do dinheiro dos contribuintes que foi necessário mobilizar para apoiar o sistema financeiro".
Na reunião em si, o ministro alemão Peer Steinbrück cobrou: "O que vamos dizer a nossos eleitores que estão perdendo seus empregos quando os banqueiros continuam a receber bônus elevadíssimos?"
A resposta está no comunicado de ontem do BIS: os banqueiros terão novas e mais estritas regras para operar. Mas, atenção, o pacote só entra em vigor no final de 2010, conforme, de resto, informara em Londres o secretário norte-americano do Tesouro, Timothy Geithner, em cujas propostas, aliás, baseia-se boa parte das medidas anunciadas na Basileia.
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