Continua sendo corrosiva para a imagem da ministra Dilma Rousseff a acusação feita por Lina Vieira. Ontem, o depoimento da ex-secretária da Receita Federal serviu mais aos propósitos da oposição do que aos do governo. Lina não apresentou provas definitivas sobre o suposto encontro reservado mantido com Dilma no final do ano passado -no qual a ministra teria sugerido "agilizar" o processo de investigação tributária contra Fernando Sarney, filho do atual presidente do Senado. Mas a ex-secretária foi cruel. Descreveu o episódio em minúcias. Carregou sua história de verossimilhança. Agora, sabe-se o nome do motorista que a levou ao Planalto. Na garagem, Lina diz ter se identificado aos seguranças. Na antessala da ministra, prossegue o relato, duas pessoas também esperavam para ser atendidas. Depois do encontro, um funcionário do alto escalão do fisco foi chamado por ela para detalhar o andamento do processo sobre a família Sarney. Por que Lina Vieira daria um depoimento quase bizantino nos detalhes se estivesse mentindo? Com todos esses elementos, o governo poderia facilmente dinamitar uma eventual mentira. Um exemplo: a administração Lula pode checar como o funcionário chamado a dar detalhes do processo obteve os dados. A regra geral é haver registro digital dos acessos a informações fiscais no sistema da Receita. Os lulistas argumentam com alguma razão sobre o ônus da prova caber ao acusador, não ao acusado. É verdade. Mas quem acusa é Lina Vieira, integrante dos quadros do próprio governo. Não se trata de alguém da oposição, um de fora. Há formas de o Planalto debelar essa crise Dilma-Lina. Basta desmontar pelo menos um dos detalhes oferecidos pela ex-secretária. Negar o encontro, para Dilma, não basta. A não ser que prefira conviver com o espectro da mentira rondando sua imagem. |
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