O chanceler colombiano, Jaime Bermudez, sugere que a cúpula da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), amanhã em Bariloche, seja transmitida ao vivo pela televisão. Bela ideia. Não consigo encontrar uma razão sólida para que governantes não se exponham por inteiro a seus cidadãos e aos dos países vizinhos (no caso da Unasul) quando se reúnem, ainda mais em um encontro em que há claramente fortes diferenças de pontos de vista. Para quem não seguiu a história, a cúpula de Bariloche destina-se essencialmente a discutir o caso das bases colombianas a serem usadas por militares norte-americanos. Mas Bermudez joga outros temas à mesa: o armamentismo dos demais países da região (está falando da Venezuela e da compra de armas russas); o apoio suposto ou real a um grupo narcoterrorista como o são as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia); o apego às regras democráticas. A transmissão por TV dessa rica agenda permitiria, imagino, esclarecer devidamente o público, até porque obrigaria cada presidente a comparecer municiado de elementos de prova para suas acusações ou para a sua defesa -e não apenas munidos da retórica caudalosa, que é uma marca registrada de reuniões do gênero na América Latina. O problema é que poderia transformar a cúpula em um grande circo. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, não pode ver uma câmera e um microfone a um quilômetro de distância que começa a atuar. Durante a recente cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago, Chávez forçou a entrada no plenário, que deveria estar reservado só para os presidentes, de sua própria equipe de TV. Ainda assim seria divertido. Quem sabe os mandatários sul-americanos aprendem que prestação de contas é um dever inerente ao cargo. Fazer propaganda é outro departamento. |
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