A ministra Dilma Rousseff gosta de lilás. Também gosta de dar broncas em público e em particular. Imbecil é um adjetivo comum em seu vocabulário. O maior desejo de seus cabos eleitorais é convencer que Dilma pode ser uma presidente carismática e flexível. Depois do enfrentamento com o câncer linfático, acreditava-se que ela voltaria ao batente menos agressiva. Mas Dilma inspira medo. “Sou a única durona no meio de um monte de homens fofos. Só tem fofo no governo”, disse em almoço feminino em São Paulo.
Dilma usava um tailleur lilás quando anunciou o megacampo de petróleo de Tupi, em 2007. E um terno lilás no almoço recente na casa de Marta Suplicy em São Paulo, oferecido para mulheres. Os olhos estavam pintados de lilás. A cor é um gosto particular da ministra, não significa nada além da preferência pela sobriedade. Por mais que as comensais tenham tentado conversar sobre casamento, amor e vida pessoal, Dilma só se empolgou ao falar do pré-sal. Marta diz que organizou o almoço porque, “na campanha, vão tentar trucidar o lado mulher dela”. As mulheres são 52% dos eleitores. Mas 30% delas nunca ouviram falar de Dilma.
Na verdade, é o lado homem de Dilma que vem incomodando. Homem no pior sentido. Um assessor pede demissão porque não suporta grosseria. Um ministro é cobrado e destratado aos gritos, constrangendo os outros. O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, chora depois de se sentir humilhado por Dilma ao telefone. Não há Duda Mendonça que consiga maquiar o temperamento da ministra, fermentado em anos de guerrilha após o colégio de freiras. Ela chegou a ganhar do PMDB um bambolê em janeiro de 2008, para ter mais “jogo de cintura”.
Não sei se Dilma foi injustiçada, mas diz a lenda que, até agora, ela só não destratou Lula e o vice, José Alencar. Quem é assim piora com mais poder. Nesta edição, ÉPOCA traz uma grande reportagem sobre felicidade no trabalho. Tapinha nas costas não garante que você seja feliz no emprego. Mas soco no estômago ou golpe baixo tampouco ajudam. Chefe que faz subordinado chorar e se sentir um lixo comete assédio moral.
Agora que se revelou a maquiagem no currículo da ministra no site da Casa Civil, o Brasil ficou sabendo que Dilma é uma mulher comum, não tem título de mestre nem cursa doutorado. Como ela diz não saber quem incluiu as mentiras em seu currículo, esse episódio acabará sendo usado para propagandear que Dilma não faz parte da elite acadêmica dos doutores. Apesar do aparente crime de falsidade ideológica, ela ficou mais próxima do povo. Dilma agora é só a mãe – ou madrasta? – do PAC.
O fato de Dilma dizer que não sabe quem maquiou seu próprio currículo não é nada de mais num governo em que ninguém sabe de coisa alguma. O presidente do Senado, José Sarney, não sabia que um auxílio-moradia ilegal de R$ 3.800 era depositado mensalmente em sua conta pessoal. Não sabia que a Fundação Sarney, do Maranhão, teria desviado meio milhão de reais para empresas fantasmas. Não sabia que sua casa de R$ 4 milhões em Brasília tinha sido ocultada da Justiça Eleitoral.
Dilma e Sarney ganharam diploma na escolinha do professor Lula, que também nunca soube do mensalão ou de qualquer ato de corrupção de seus ministros – e disse em Paris que “não há crise no Senado, apenas divergências”.
Um dos segredos para ser feliz é ser alienado. Estão explicadas as risadas dos políticos nas fotos. Eles não sabem de nada.
Bom mesmo é parar de ler a imprensa. Dá azia ler que a carga tributária bateu recorde no Brasil (35,8% do PIB), mesmo sem os R$ 40 bilhões da CPMF. As alíquotas subiram, o caixa do governo está gordo, mas o dinheiro não é suficiente para a saúde ou para a educação.
Vamos agora ler apenas a coluna de Lula e assistir somente à televisão que o PT vai lançar na internet, em dois andares do prédio alugado em Brasília. Seremos todos felizes, porque não vamos ficar sabendo de nada. Pode haver melhor bálsamo que uma realidade maquiada?
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