Genro, Bernardo e o grande desafio
Vasconcelo Quadros
JORNAL DO BRASIL - 11/07/09
A queda de braço entre os ministros Tarso Genro (Justiça) e Paulo Bernardo (Planejamento) (foto-D) envolvendo o projeto de reestruturação da Polícia Federal já dura seis meses, e, pelo jeito, só o presidente Lula indicará o vencedor. A proposta prevê um impacto financeiro estimado em seis vezes mais o valor da atual folha de pagamento do órgão – de R$ 8 milhões para R$ 48 milhões – mas forçaria uma revolução interna na PF. A mudança mais forte é o poder que passam a exercer os agentes federais sobre as investigações. Eles ocuparão todos os núcleos de planejamento operacional de 365 delegacias que integram o organograma das 27 superintendências estaduais de todo o país. Vão mandar em 730 cargos que estão hoje com os delegados.
Custo benefício Desafio
O delegado Luiz Fernando Corrêa argumenta que o foco na gestão do órgão tem produzido economia equivalente ao aumento que as mudanças causarão na folha. Além disso, as operações contra a corrupção economizaram para o governo, no ano passado, perto de R$ 4 bilhões.
Ponto de partida para a chamada Polícia Federal de 2022, as mudanças darão mais musculatura ao órgão. Num país em que encontrar corrupção é como pescar em balde, há quem duvide que exista vontade política na base do governo para aprovar o projeto.
Gestão e economia
Iniciado em 2005, o programa sobre modernização de gestão pública em nove estados tem resultado interessante: com um custo de R$ 44,3 milhões, produziu ganhos da ordem de R$ 9,9 bilhões – R$ 3 bilhões a mais da meta traçada. O balanço vai ser mostrado no evento que o Movimento Brasil Competitivo realiza, agora dia 28, no Rio. O governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes prometeram participar.
O vazio do recesso
O presidente e o vice-presidente do STF, Gilmar Mendes e Cezar Peluso, embarcam hoje para a Rússia, em visita oficial à Suprema Corte, em Moscou, e à Corte Constitucional da Federação, em São Petersburgo. Na ausência da cúpula do STF, fica de plantão, como presidente, o decano, Celso de Mello, ou quem estiver em Brasília, pela ordem decrescente de antiguidade. Como Celso de Mello está viajando, é bem possível que o ministro Marco Aurélio volte a exercer a presidência da Corte, por uma semana.
Pressão
Agora já são três as investigações que apertam o presidente do Congresso, José Sarney. Duas delas – que tratam dos empréstimos consignados e dos atos secretos – já estão andando. A terceira, protocolada ontem pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), na Procuradoria da República, pode ir ao coração da Fundação José Sarney.
Foco
Mas pode bater cabeça com investigações que a PF já realiza no Maranhão no rastro financeiro deixado pela São Luiz Factoring, que pertence ao empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado. "Meu pedido está focado no desvio do dinheiro público", diz Virgílio.
Mistério
O mutirão organizado pelo Exército para as buscas no Araguaia e documentos inéditos que estavam com o ex-major Curió vão esclarecer se estão vivos sobreviventes da guerrilha dados oficialmente como desaparecidos. Há suspeitas de que quatro tenham sobrevivido. Os militares silenciam sobre este que é um dos grandes mistérios do conflito.
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