A ameaça do presidente eleito Manuel Zelaya de voltar a Honduras na raça hoje, por terra, não só alastrou o pavor de um conflito armado e até de um banho de sangue, como deixou uma evidência. A crise no segundo país mais pobre da América Central e do Caribe (depois do Haiti) virou um marco: a ratificação da influência decisiva dos EUA, que andava meio esmaecida na região. Relembrando: os EUA ficaram isolados nas duas reuniões da OEA que condenaram a Colômbia pela invasão do Equador para dizimar um acampamento das Farc, o que foi comemorado como início de novos tempos de mais independência e mais iniciativa nas Américas. Durou pouco. Bush se foi, Obama chegou e trouxe junto Hillary Clinton, com sua disposição de abrir o diálogo, ceder, ter uma ação mais pró-ativa aqui e alhures. Assim, se o impasse em Honduras uniu gregos e troianos, venezuelanos e norte-americanos, colombianos e cubanos no rechaço aos golpistas, o fato é que acabou sendo uma plataforma para a reentrada de Washington nos assuntos da região. Menos pelo Pentágono, mais pela Secretaria de Estado. Suavemente. A posição brasileira é ilustrativa. No conflito Colômbia-Equador, o tom do Brasil para a Washington de Bush era mais ou menos assim: "Não se meta, porque o problema é nosso". Na crise de Honduras, os telefonemas de Brasília para Obama-Hillary são bem diferentes: "Olha, só vocês podem resolver essa parada. Deem um jeito de impedir um acordo do Zelaya com os golpistas e um governo de coalizão". Moral da história: Bush era ruim para todo o mundo, literalmente, mas tinha lá suas vantagens para o continente e para os arroubos de liderança do Brasil. Já Obama, que tende a ser bem melhor para todo o mundo, também literalmente, recompõe a natural hegemonia da maior potência na região. A bomba Honduras está no colo de Obama |
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