quinta-feira, junho 18, 2009

VALDO CRUZ

Pitaco

FOLHA DE SÃO PAULO - 18/06/09

BRASÍLIA - Não sou nenhum senador, mas, como o presidente do Senado, José Sarney, pediu sugestões para mudar regras da Casa, vou dar o meu pitaco nesse assunto e apresentar uma contribuição.
É um pequeno adendo à proposta do líder do PSDB, Arthur Virgílio, de que o diretor-geral da instituição tenha um mandato limitado e seja aprovado pelo plenário.
Que tal os senadores buscarem um nome de fora da Casa para ser o próximo diretor-geral? Alguém totalmente isento, sem ligações com facções dentro do Senado.
Com certeza há nomes acima de qualquer suspeita no mercado, especializados em administração pública. Sem viés político, o escolhido ajudaria na elaboração de uma verdadeira reforma da Casa.
A ideia pode ser muito eficaz. Afinal, uma das origens da atual crise é a guerra entre dois grupos de funcionários pelo controle administrativo e orçamentário da Casa. Até aqui, é desses grupos em conflito que sai o diretor-geral.
Reconheço que minha sugestão não é lá muito fácil de ser acatada. Representaria a perda de um poder gigantesco, que desde sempre tem sido usado pelos senadores para distribuir favores entre aliados.
Mas, com certeza, seria a melhor forma de os parlamentares assumirem que, para enfrentar a atual crise, estão de fato comprometidos com a total transparência dos atos e negócios do Senado.
Aí, na verdade, está o principal entrave para mudanças profundas na instituição. Todo mundo quer mudar, mas sem jogar muita luz sobre práticas do passado.
Ainda sobre o tema: nenhum senador, aliado ou adversário, citou os casos envolvendo o presidente Sarney após seu discurso. Nenhuma palavra sobre nomeações de parentes. Será por quê?
Não foi só isso. No plenário, as falas foram na linha conciliatória. Fora dele, alguns mudaram o tom e, diante da imprensa, ensaiaram críticas ao colega. Um teatro.

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