quinta-feira, junho 18, 2009

LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO

O 16 DE JUNHO

O GLOBO - 18/06/09

Estou escrevendo isto no dia 16 de junho. Me informa o Google que o único evento com importância histórica no dia 16 de junho de 1904 foi o assassinato do governador russo da Finlândia, Nicolas Bobrikov. Não me lembro se a morte de Bobrikov aparece no livro Ulisses, de James Joyce, que se passa todo num dia só, justamente o 16 de junho de 1904. Se ninguém hoje se importa com Bobrikov, os nomes de Leopold Bloom e Stephen Dedalus, cujos caminhos por Dublin se entrecruzam na trama de Ulisses, entraram para a história da literatura, e o próprio dia 16 de junho, o “Bloomsday”, é comemorado em Dublin e em outras partes do mundo como uma data histórica. Não deve haver dúvida de que o assassinato de Bobrikov mudou os destinos da Finlândia, mas as histórias de Bloom e Dedalus na Dublin de James Joyce mudaram a cabeça de uma geração – uma área muito mais extensa.
Anthony Burgess escreveu um livro sobre Joyce chamado ReJoyce. O trocadilho do título – que quer dizer, ao mesmo tempo “referente a Joyce”, uma releitura de Joyce e “regozige-se com Joyce” – é uma homenagem ao autor que tornou o trocadilho literariamente respeitável. O livro de Joyce que se seguiu ao Ulisses, Finnegans Wake é um interminável – literalmente, pois não termina mesmo, a última frase do livro emenda na primeira – jogo de palavras no qual só deve se aventurar quem tem tempo, além de erudição ou um bom manual explicativo, como o de Burgess.
Como Ulisses, Finnegans Wake é uma celebração complicada de vidas simples, as vidas que acontecem longe dos grandes acontecimentos históricos mas ganham um significado simbólico que abrange mais do que a mera História. O universo reduzido a uma cidade, o tempo reduzido a um dia, os ciclos e os mitos da humanidade reduzidos a uma linguagem e todo o humor e a glória desta espécie falante reduzidas a um livro. Quase indecifrável, mas quem disse que nós temos explicação?
Os dois livros são grandes regozijos pela vida e suas reincidências que transformam qualquer beberrão em Dublin num arquétipo universal de morte e ressurreição. A palavra “regozijo” pressupõe a existência de “gozijo” e gozijar com Joyce deve significar isto, um gozo comum, um gozo de cada um integrado num gozo da nossa humanidade em comum. E “regozijo” significa a sua repetição através da história.

Um comentário:

Antonio Brás Constante disse...

Olá jovem de toda e qualquer idade,

Apesar de ser um escritor 100% desconhecido por você (e talvez este ar de mistério aguce a sua curiosidade), se me conceder os próximos 5 minutos de seu tempo como leitor, isto poderá mudar de uma forma gratificante para nós dois. Inicialmente gostaria de convidá-lo para conhecer meu livro: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE” (Autor: Antonio Brás Constante).

Breve resumo super resumido da obra: Livro de Crônicas, que pretende ser um genérico ao do escritor Luis Fernando Veríssimo (também sou fã do Veríssimo), ou seja, autor diferente, mas com o mesmo princípio ativo: O HUMOR. Os textos são temperados com generosas pitadas humorísticas, para jovens dos oito aos oitenta anos e também de outras faixas etárias. Textos leves e similares a uma ave-maria (pois eles também são cheios de graça), que poderão ser saboreados até a última letra. Caso queira conhecer um pouco mais sobre meu trabalho como escritor basta acessar o site: Recantodasletras.uol.com.br/autores/abrasc

Os exemplares do livro poderão ser adquiridos no site da editora AGE: www.editoraage.com.br

Resolvi viajar pelos perfis deste imenso universo virtual chamado de BLOG, divulgando minha obra e conhecendo novas pessoas (virtualmente falando). Pelo que percebi, você gosta de postar textos interessantes em seu blog, sendo assim, somente peço que conheça as minhas pérolas textuais, e caso goste, divulgue-as em seu Blog. Espero sua visita em meu perfil. Contatos pelo e-mail: abrasc@terra.com.br . Um grande abraço, tão grande quanto à distância entre nossos braços. ABC

P.S: Se eu já passei por aqui e deixei este recado me desculpe, mas foi pq acabei andando em círculos...