domingo, maio 31, 2009

PAINEL

Último recurso

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 31/05/09

Antes mesmo de vir à luz o novo Datafolha, no qual a avaliação de Lula, que já era confortável, retoma o patamar pré-crise econômica, o presidente disse a um grupo de auxiliares que o momento exige "atenção especial", pois "a oposição está sem alternativa de discurso e só tem as CPIs para se agarrar".
Lula expôs seu raciocínio em reunião da coordenação política do governo, na quinta-feira. A oposição, afirmou, apostou primeiro na crise como um todo. Depois, no descontentamento dos prefeitos com a queda nos repasses do FPM. Em seguida, na mudança das regras da poupança. Em todas essas ocasiões, "ficou falando ao vento". O Planalto está empenhado em fazer com que o padrão se repita na CPI da Petrobras.




Veste Prada. Diante do acirramento das tensões entre governo e oposição devido à CPI da Petrobras, um ministro vaticina: "Junho será pior que maio e melhor que agosto. E, em outubro, todos os diabos vão estar de roupa nova". 

Perguntar pra quê? O mico da semana ficou com Álvaro Dias (PSDB-PR), autor do requerimento da CPI, que postou em seu blog uma enquete sobre quem foi o melhor presidente do Brasil. Resultado: 66% marcaram Lula; 34%, FHC. Restou ao senador escrever nota na qual diz que "não concorda", mas "respeita" a opinião dos internautas. 

Tudo isso. Um assessor presidencial define o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, como "o político mais próximo de Lula hoje". Credita ao cacique do PSB papel fundamental na definição da estratégia da campanha de Dilma Rousseff e de alianças país afora. 

Veto. Dilma perguntou a Marta Suplicy de que deveria falar no almoço com um grupo de mulheres na casa da ex-prefeita, no dia 6. "Tudo menos PAC", sugeriu Marta. Dilma brincou: "Se eu falar de PAC, pode me pôr na rua".

Vingança. Responsável pela interpretação que permitiu contornar o bloqueio da pauta por MPs, Michel Temer (PMDB-SP) deve se deparar com um monte delas para assinar e remeter ao Congresso durante sua interinidade na Presidência, que começa hoje.

Braços. Vencedora de licitação de R$ 94,5 milhões da Secretaria de Pesca, a agência de eventos Dialog, que também realizou o encontro de prefeitos no início do ano em Brasília, possui uma "irmã" chamada Projects Brasil. Ela funciona no mesmo endereço, pertence ao mesmo dono e, em casos como o da licitação da Pesca, concorre também.

Para dois. Se a era Collor teve como marco inicial um pato laqueado degustado em Pequim, a reaproximação entre Renan Calheiros (PMDB-AL) e o ex-presidente também tem sido feita à mesa. Os dois senadores almoçam frequentemente no italiano Bottarga, escondido numa loja de móveis no Lago Sul. 

Checão 1. Mesmo depois das promessas da direção do Senado de impor regras mais duras para a prestação de contas da verba indenizatória, Gilvam Borges (PMDB-AP) mantém o velho estilo: declara ter gasto o teto de R$ 15 mil por mês, a título de "aluguel de imóveis para escritório político, compreendendo despesas concernentes a eles". 

Checão 2. Gilvam, conhecido como "Chinelo" entre os colegas, arredonda num único recibo o que declara ser aluguel e despesas com um prédio em Macapá onde funciona seu escritório político. 

Emplumado. Depois de ter sido convencido a ficar no DEM, o ex-governador baiano Paulo Souto voltou a flertar com o PSDB, pelo qual gostaria de disputar a sucessão estadual. Mas a cúpula do DEM diz que deu a ele o comando regional do partido e que não aceitará ser abandonada. Ameaça romper com os tucanos se a troca se concretizar.


com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"É uma obsessão de certos setores da oposição e da base tratar deste assunto inviável. O objeto desse desejo, que é o presidente Lula, não aprova." 

Do presidente do PT, deputado RICARDO BERZOINI, sobre a tentativa de aprovar emenda que permita a Lula disputar o terceiro mandato.

Contraponto

Justiça nada cega Nizan Guanaes aguardou por mais de três horas, na quinta-feira, para depor como testemunha de defesa do colega Duda Mendonça no processo do mensalão. Para descontrair o ambiente depois de tão longa espera, a juíza Silvia Maria Rocha, da 2ª Vera Criminal Federal de São Paulo, comentou com o publicitário:
-Nossa, como o senhor está magro!
-Fiz cirurgia para reduzir o estômago- explicou Nizan, o que deu origem a breve discussão sobre o tema.
Quando a oitiva ia começar, a juíza ainda opinou:
-Posso dizer uma coisa? O senhor está bonitão!
Na saída, Nizan comentou:
-Se eu contar pra minha mulher, ela não vai acreditar...

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