Uma cesta de emoções
JORNAL DO BRASIL - 31/05/09
Em algumas noites uso a televisão para deixar de pensar em besteira e pegar no sono. Ela funciona como um sonífero, um sedativo, um tranquilizante. Vou percorrendo os canais e quase sempre estaciono no History Channel para conhecer a história da manteiga ou do parafuso em Maravilhas Modernas. Às vezes porém me ligo num programa e a televisão faz um efeito contrário. Foi assim quando dei de cara com um jogo pelos playoffs do campeonato americano de basquete (NBA). Fiquei com os olhos pregados na telinha até às duas e meia da madrugada para ver Lebron James fazer uma cesta mágica no finalzinho da prorrogação dando a vitória ao Cleveland Cavs sobre o Orlando Magic. Se você acha que um gol no ultimo minuto é quase impossível, imagina uma cesta no ultimo segundo!
Paixões à parte, não tenho duvidas de que o basquete é um jogo muito mais emocionante do que o futebol. A bola não pára, não tem aquela emprenhação para formar barreira, os jogadores não podem ficar ensebando por mais de 24 segundos e ainda assim – pasme – o jogo de basquete às vezes demora muito mais do que uma partida de futebol. É verdade que as equipes podem pedir vários tempos – e nós, espectadores também precisamos deles para ir ao banheiro, à cozinha – mas não são esses minutinhos a mais que prolongam o jogo de basquete. O que ocorre é que – por um desses fenômenos inexplicáveis – o tempo em uma quadra de basquete custa muito mais a passar do que num campo de futebol. Outro dia uma prorrogação – que é de cinco minutos – levou 22 minutos para chegar ao fim.
Ainda lamento que na minha meninice só tenha sido apresentado ao basquete depois de me apaixonar pelo futebol. Talvez a família tenha tido alguma responsabilidade nessa ligação precoce com o futebol porque ainda me lembro de uma foto minha com menos de um ano de idade envergando uma camisa do América (tamanho G) que era do meu pai – e não fui eu que a pedi para vestir.
Penso que o futebol ganharia em emoção se aproveitasse algumas regras do basquete. Por exemplo: o jogador não poderia devolver a bola ao seu campo depois que ultrapassasse a linha central. Nada de ficar recuando a bola, fazendo cera, esperando o tempo passar... O público quer ver jogo e o basquete sabe disso! Outro exemplo? Por que não se cria uma linha de três pontos ali entre a intermediária e a grande área? Um gol daquela distância valeria por dois. Quando nada obrigaria os jogadores de soccer a treinar a pontaria. Os atletas da NBA passam seis, oito horas treinando arremessos de três pontos. Quanto tempo nossos jogadores treinam chutes a gol de longa distância? Alguém dirá que o pessoal do basquete precisa treinar mais porque a bola é maior do que a de futebol e a cesta é menor que a baliza. Em compensação não há goleiro no basquete.
A decisão na NBA começa nesta quinta-feira e pode se estender por sete partidas. Assim, sugiro que quem usa o mesmo método que eu para dormir ou quem tiver que acordar cedo no dia seguinte que não aperte a tecla da ESPN no seu controle remotíssimo.
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