FOLHA DE SÃO PAULO - 30/05/09
BRASÍLIA - Tenho procurado evitar escrever de maneira constante sobre as imposturas de deputados e de senadores. O risco de parecer adepto de uma sanha persecutória udenista é enorme. É importante diferenciar o Congresso de parte dos congressistas.
Ressalvada a importância do Poder Legislativo, o episódio revelado pela Folha sobre o auxílio-moradia é exemplar da desconexão dos políticos do mundo real. Deputados e senadores podem receber uma verba extra mensal a título de auxílio-moradia. Não importa que tenham imóveis próprios em Brasília. Num ato de bom senso involuntário, o Senado suspendeu o benefício há alguns anos. Mas mais de 40 senadores continuaram a ganhar de forma irregular os seus R$ 3.800 por mês.
Um dos beneficiados foi José Sarney, presidente do Senado. Flagrado em pecado, negou. Quando se tornou impossível o desvio da evidência material, desculpou-se (um ato nobre). Prometeu devolver os recursos (o mínimo a ser feito). Completou alegando ter havido um "equívoco" somado à "impressão de que não estava recebendo".
Poucos brasileiros podem se dar ao luxo de durante algum tempo receber R$ 3.800 por mês em suas contas bancárias sem nada perceber. Não custa lembrar, o salário mínimo é hoje de R$ 465. Se a Folha não publicasse a reportagem nesta semana, Sarney continuaria a embolsar seu auxílio-moradia anos a fio, sem perceber (sic). O presidente do Senado, aliás, tem casa própria em Brasília e usa a mansão colocada à disposição para o ocupante do cargo.
O desleixo com o dinheiro público, o desprezo por boas práticas gerenciais e o abuso com a paciência dos eleitores parecem ilimitados no Congresso. Ontem, houve um vazamento de gás num prédio da Câmara. Felizmente, ninguém se feriu com gravidade. Mas as anedotas derivadas do acidente foram desalentadoras para a democracia.
BRASÍLIA - Tenho procurado evitar escrever de maneira constante sobre as imposturas de deputados e de senadores. O risco de parecer adepto de uma sanha persecutória udenista é enorme. É importante diferenciar o Congresso de parte dos congressistas.
Ressalvada a importância do Poder Legislativo, o episódio revelado pela Folha sobre o auxílio-moradia é exemplar da desconexão dos políticos do mundo real. Deputados e senadores podem receber uma verba extra mensal a título de auxílio-moradia. Não importa que tenham imóveis próprios em Brasília. Num ato de bom senso involuntário, o Senado suspendeu o benefício há alguns anos. Mas mais de 40 senadores continuaram a ganhar de forma irregular os seus R$ 3.800 por mês.
Um dos beneficiados foi José Sarney, presidente do Senado. Flagrado em pecado, negou. Quando se tornou impossível o desvio da evidência material, desculpou-se (um ato nobre). Prometeu devolver os recursos (o mínimo a ser feito). Completou alegando ter havido um "equívoco" somado à "impressão de que não estava recebendo".
Poucos brasileiros podem se dar ao luxo de durante algum tempo receber R$ 3.800 por mês em suas contas bancárias sem nada perceber. Não custa lembrar, o salário mínimo é hoje de R$ 465. Se a Folha não publicasse a reportagem nesta semana, Sarney continuaria a embolsar seu auxílio-moradia anos a fio, sem perceber (sic). O presidente do Senado, aliás, tem casa própria em Brasília e usa a mansão colocada à disposição para o ocupante do cargo.
O desleixo com o dinheiro público, o desprezo por boas práticas gerenciais e o abuso com a paciência dos eleitores parecem ilimitados no Congresso. Ontem, houve um vazamento de gás num prédio da Câmara. Felizmente, ninguém se feriu com gravidade. Mas as anedotas derivadas do acidente foram desalentadoras para a democracia.
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