FOLHA DE SÃO PAULO - 05/05/09
BRASÍLIA - O vem-não-vem do presidente do Irã deixou um saldo negativo para o Brasil: o país teve todo o desgaste da articulação para o encontro de Lula e Mahmoud Ahmadinejad, mas acabou não tendo nenhuma vantagem. Perdeu muito (em críticas) e não ganhou nada.
A vinda do iraniano era um passo pragmático, mas arriscado, de política externa. Havia bons motivos -políticos, para reforçar a independência brasileira em relação a Washington; estratégico, para puxar o Irã para dentro da chamada "comunidade internacional"; econômico, para recuperar a perda de 40% nas exportações brasileiras para o país entre 2007 e 2008.
Como tudo o que é arriscado, podia dar certo ou dar errado e virar um fiasco. Foi o que ocorreu. O bônus evaporou-se e ficou o ônus da aproximação com o Irã, que está no olho do furacão internacional.
Para "cima", o regime de aiatolás irrita os governos ocidentais, a começar do norte-americano, com seus programas nuclear e balístico (mísseis), numa região em que qualquer faísca já é explosiva.
Para "baixo", é acusado de perseguir judeus, Bahá'ís, homossexuais e feministas, que ameaçavam fazer protestos em Brasília, no Rio, em São Paulo e onde mais coubesse, contra a chegada de Ahmadinejad amanhã. Mas ele avisou que só vem depois da eleição de 12 de junho (ou seja: se ganhar).
Desde a semana passada, a embaixada em Teerã enviava sinais de que Ahmadinejad estava recuando da viagem. Porque a disputa está quente. E porque tudo o que candidatos não querem é virar alvo de protestos em países alheios.
A aproximação com o Irã, entretanto, continua. E nas mesmas bases das relações com Israel. O Brasil condena os ataques verbais de Ahmadinejad a Israel, como faz diante da matança de crianças em guerras.
Nos dois casos, a condenação é pontual, a decisões e atos de governos, não a países. Os regimes passam, os países ficam. O mundo globalizado e o comércio também.
BRASÍLIA - O vem-não-vem do presidente do Irã deixou um saldo negativo para o Brasil: o país teve todo o desgaste da articulação para o encontro de Lula e Mahmoud Ahmadinejad, mas acabou não tendo nenhuma vantagem. Perdeu muito (em críticas) e não ganhou nada.
A vinda do iraniano era um passo pragmático, mas arriscado, de política externa. Havia bons motivos -políticos, para reforçar a independência brasileira em relação a Washington; estratégico, para puxar o Irã para dentro da chamada "comunidade internacional"; econômico, para recuperar a perda de 40% nas exportações brasileiras para o país entre 2007 e 2008.
Como tudo o que é arriscado, podia dar certo ou dar errado e virar um fiasco. Foi o que ocorreu. O bônus evaporou-se e ficou o ônus da aproximação com o Irã, que está no olho do furacão internacional.
Para "cima", o regime de aiatolás irrita os governos ocidentais, a começar do norte-americano, com seus programas nuclear e balístico (mísseis), numa região em que qualquer faísca já é explosiva.
Para "baixo", é acusado de perseguir judeus, Bahá'ís, homossexuais e feministas, que ameaçavam fazer protestos em Brasília, no Rio, em São Paulo e onde mais coubesse, contra a chegada de Ahmadinejad amanhã. Mas ele avisou que só vem depois da eleição de 12 de junho (ou seja: se ganhar).
Desde a semana passada, a embaixada em Teerã enviava sinais de que Ahmadinejad estava recuando da viagem. Porque a disputa está quente. E porque tudo o que candidatos não querem é virar alvo de protestos em países alheios.
A aproximação com o Irã, entretanto, continua. E nas mesmas bases das relações com Israel. O Brasil condena os ataques verbais de Ahmadinejad a Israel, como faz diante da matança de crianças em guerras.
Nos dois casos, a condenação é pontual, a decisões e atos de governos, não a países. Os regimes passam, os países ficam. O mundo globalizado e o comércio também.
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