O mundo todo (e o mercado, particularmente) ainda não digeriu direito o que há de bom e o que há de preocupante no pacote de estreia de Barack Obama nos EUA. Mas uma coisa é certa: o Planalto e o Itamaraty não estão gostando nem um pouco da história. "Buy American" (compre produtos americanos) é protecionismo deslavado, e "Employ American" (empregue americanos) raia a xenofobia. Obama se elegeu prometendo abertura e arejamento, mas o pacote projeta o oposto. Aprofunda a ideologia do nacionalismo, já tão forte nos EUA e entre norte-americanos típicos de diferentes camadas sociais e de praticamente todas as regiões. E é discriminatório entre países e entre cidadãos. Do ponto de vista prático, porém, ainda não dá para decidir o que fazer, por falta de informação e entendimento. Não houve tempo para cruzamentos das medidas dos EUA com as normas da OMC (Organização Mundial do Comércio) e com os interesses comerciais brasileiros para identificar possíveis agressões a um ou a outro -ou a ambos. O Brasil não descarta entrar com processo na OMC. Até agora, a avaliação do Planalto e do Itamaraty é que o pacote, além da simbologia retrógrada, tem mais propaganda do que propriamente medidas práticas. Quem já se debruçou sobre o texto com mais afinco identifica políticas e programas já existentes e que apenas foram "requentados" ou "repaginados" em pelo menos três setores: educação, transporte e telecomunicações. Fica tudo na mesma, mas com pitadas coloridas suficientes para que Obama possa ficar com eventuais louros e se manter em palanque, que é do que gosta. Marqueteiro esse Obama, hein? Aliás, como alguém que a gente conhece muito bem e que tem uma popularidade estratosférica aqui neste "outro lado do Atlântico". O importante nem é fazer nem inovar, é embrulhar o peixe muito bem e vendê-lo melhor ainda. |
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