No encontro com os prefeitos, Lula chamou os jornalistas de “pequenos”. A razão: julgam e condenam os políticos previamente, sem dar-lhes oportunidade de defesa. Pensava, por certo, em Edmar Moreira. O parlamentar, eleito corregedor da Câmara, disse que não investigaria os colegas. Por quê? “O Congresso sofre do vício insanável da amizade”, explicou. Desconfiados, os repórteres fizeram o que têm de fazer. Investigaram o passado do deputado mineiro.
Descobriram montões de falcatruas. Mas o que mais lhes chamou a atenção foi o castelo à Walt Disney construído no interior de Minas. Rádios, tevês e jornais caíram de pau. O pobre parlamentar não teve chance de explicar a origem da obra. O monumento nasceu de vício insanável do amor. Ele o erigiu em homenagem à mulher. Ela ficou enciumada quando o irmão de Edmar comprou a fazenda mais bonita da região. “Se ele tem a melhor fazenda, eu quero um castelo”, disse a musa. Ele assentiu. Lembrou-se, então, das grandes provas de amor da humanidade.
Uma vem da antiga Babilônia, atual Iraque. O rei Nabucodonosor quis alegrar a rainha, que se sentia triste com a falta de montanhas e plantas na cidade. Convocou os melhores arquitetos e ordenou-lhes que criassem um jardim cheio de terraços em cima de balcões de pedra. Do galanteio real nasceu uma das sete maravilhas do mundo antigo. Vistos de longe, os jardins suspensos da Babilônia pareciam flutuar no ar.
O Taj Mahal é uma maravilha do mundo moderno. O imperador Shaj Jahan nutria enorme paixão por Muntaz, uma de suas mulheres. Quando ela teve o 14º filho, deu adeus à Terra. Ele mandou construir um mausoléu com cúpula de ouro recoberta de pedras preciosas para abrigar o corpo da amada. Originou-se, assim, a mais bela prova de amor dos últimos séculos, esculpida e eternizada em mármore branco e rosa. É a réplica do trono de Deus no dia do julgamento final.
Lula, ao falar aos prefeitos, tinha uma certeza. Fazer delicadezas não é privilégio de reis e imperadores. Os mortais, como prova Edmar, podem protagonizar grandes episódios. Sua Excelência acertou o diagnóstico. Mas errou o adjetivo. Os jornalistas não são pequenos. São insensíveis. |
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