
terça-feira, novembro 24, 2009
PAINEL DA FOLHA
Diante da escolha de João Vaccari Neto para a tesouraria do PT em 2010, o PSDB decidiu colocar em funcionamento, no primeiro semestre, a CPI da Bancoop na Assembleia paulista. A cooperativa habitacional dos bancários, já dirigida por ele, foi acusada de fazer doações ilegais a campanhas petistas.
Não seria a primeira CPI a envolvê-lo. Em 2006, na esteira do mensalão, o doleiro Lúcio Funaro afirmou à Comissão dos Correios que "Vaccari era operador do PT para fundo de pensões". "Ele é ligado a José Dirceu e seria o responsável pelas operações das três grandes fundações: Previ, Petros e Funcef", disse em depoimento o dono da corretora Guaranhuns.
Fast-forward. A esperada vitória de José Eduardo Dutra no primeiro turno deve fortalecer o movimento de bastidor que tenta convencer Ricardo Berzoini a deixar a presidência do PT antes da data regulamentar (fevereiro), permitindo ao partido entrar no ano eleitoral sob nova direção. Berzoini resiste à ideia.
Nunca antes. Os Tatto não conseguiram emplacar seu candidato no comando do Diretório Zonal da Capela do Socorro, reduto do clã na periferia sul de São Paulo. O resultado amplificou a derrota de Jair Tatto para Antonio Donato na disputa pela presidência do PT municipal.
Desligado. Roberto Requião ligou oito vezes para Michel Temer na tentativa de convidá-lo para o encontro pró-candidatura própria do PMDB realizado sábado em Curitiba. Negociador da aliança com o PT e possível vice de Dilma, o presidente do partido não deu retorno.
Protesto 1. O deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), judeu, fez seguidos pedidos de autorização para espalhar fotografias do Holocausto pelos corredores da Câmara durante a visita do iraniano Mahmoud Ahmadinejad, mas não obteve resposta de Michel Temer, presidente da Casa.
Protesto 2. Mão Santa (PSC-PI) protelou indefinidamente a sessão no plenário para evitar que a TV Senado transmitisse a passagem de Ahmadinejad pelo Salão Azul.
Bronca. Durante evento para encaminhar a Lei Orgânica da Polícia Federal ao Congresso, Lula cobrou do diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa, o fato de estarem sob investigação da PF nove funcionários do Ibama encarregados de fornecer licenças ambientais, cinco deles para a usina de Belo Monte.
Desculpa aí. Corrêa disse que já imaginava a insatisfação do presidente e que a PF nada tinha contra os funcionários, tendo apenas atendido determinação da Justiça. No entender do governo, trata-se de ofensiva do Ministério Público Federal com o objetivo de impedir as obras.
No ar. O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, comunicará hoje aos pensionistas da Varig que não será possível cumprir o acerto de contas previsto com a União. O argumento é que a empresa aérea deve mais dinheiro do que tem para receber.
Teste 1. Líderes na Câmara tentarão fechar acordo, hoje, para votar a emenda constitucional que efetiva titulares de cartórios não concursados. A proposta havia sido descartada por conter entraves jurídicos criticados Supremo.
Teste 2. O novo texto deverá conceder o benefício para quem ocupava a função de tabelião entre 1988 e 1994 -período no qual não havia regulamentação clara. Pela redação anterior, também seria contemplado quem esteve no posto nos últimos cinco anos.
Visita à Folha. Henrique Meirelles (PMDB), presidente do Banco Central, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Ribamar Oliveira, assessor de imprensa.
com SILVIO NAVARRO e ANDREZA MATAIS
Tiroteio
"Para quem faz campanha antecipada com dinheiro público, deve ser normal mesmo conviver com mensaleiros. É um aviso sobre o que esperar do PT em 2010."
Do deputado BRUNO RODRIGUES (PSDB-PE) sobre Dilma Rousseff, que disse considerar "absolutamente normal" o retorno dos envolvidos no escândalo do mensalão a postos de comando no PT.
Contraponto
Diminutivos
Quando o fim do foro privilegiado começou a tramitar em comissão especial da Câmara, o então deputado Luiz Antonio Fleury Filho (PTB-SP) fez críticas à emenda constitucional, reclamando sobretudo do excesso de ações contra o presidente da República que ela poderia gerar.
-Daqui a pouco, o presidente vai ter de responder a processo até de um juizinho de Jacarezinho!
Gustavo Fruet (PSDB-PR) saiu imediatamente em defesa do município paranaense. Fleury se desculpou:
-Falei Jacarezinho, mas poderia ser Passarinho, sei lá...
-Mas eu queria corrigir o "juizinho"- replicou Fruet, explicando que, por coincidência, acabara de tomar posse na presidência do TJ-PR um juiz natural de Jacarezinho.
JOSÉ SIMÃO
Socuerro! Saiu a Barbie Geisy!
FOLHA DE SÃO PAULO - 24/11/09
Chegou o pentelho bomba! O coisa-ruim! O impronunciável: Ahmadinejad!
BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! É que um amigo foi fazer um exame em Natal e sabe como se chama o laboratório de análises clínicas? CACA! Rarará!
E o blog Criativo de Galochas criou a Barbie Geisy, uma "fashion doll"! Na facul ou na balada, ela veio pra causar. E eu já falei do terrorismo musical da Volks: "Fuscão Preto", "No Meu Crossfox" e agora "Kombi Branca". Então, vou lançar mais duas: "Dei pro Meu Rei no Delrey!", um axé, e "Boquete no Chevette", um funk! Pra bombar no YouTube!
E socuerro! Me mate um bode! Todos para o abrigo. Salve-se quem puder! Chegou o pentelho bomba! O coisa-ruim! O impronunciável: Mahmoud Ahmadinejad! Como é que o Lula vai conseguir falar esse nome? Ah, vai chamar de companheiro mamute! Eu tenho pena de âncora de telejornal. Todos treinando em frente ao espelho: "Ahmadinejad". Ele é o Bush do islã! Ele tem cara de tapado! QI de minhoca!
Diz que no Irã não tem biba. Ah, tá boa, burca amiga?! Deve tá tudo embaixo do tapete! Ele devia se casar com o Bin Laden! E imagine o discurso: "O Holocausto é um mito, e a Terra é quadrada". Todas as piadas do Bush, transfere pra esse doido.
Todo mundo bota a vassoura atrás da porta. Pra ele ir embora logo! Ô, visita inconveniente. Sabe aquelas visitas que chegam na hora do almoço? E você tem que abrir mais uma lata de atum pra jogar no macarrão! E o Rafinha Bastos do "CQC" revela a agenda do presidente do Irã: churras de criancinha no haras do Sarney e bate-bola na casa do Obina.
Tudo bem light! E o meu São Paulo continua na liderança! E olha o e-mail provocação que eu recebi: "Sabe qual a semelhança entre o Campeonato Brasileiro e um pingolim? É que os dois rodam, rodam, rodam e sempre caem na mão do São Paulo!". Rarará! Que sacanagem! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!
Antitucanês Reloaded, a Missão! Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanês. Acabo de receber mais um exemplo irado de antitucanês. Em João Pedro, Paraíba, tem uma boate gay chamada Anel do Brejo! Ueba!
Mais direto, impossível. Viva o antitucanês! Viva o Brasil! E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Sopetão": congresso de companheiras siliconadas. O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno.
ANCELMO GÓIS
A Volkswagen vai assinar com a CBF contrato de patrocínio da Seleção Brasileira. Algo em torno de US$ 6 bi a US$ 8 bi.
A montadora vai se juntar a Nike, AmBev, Itaú, Vivo, TAM, Gillette e Pão de Açúcar.
O AMOR DE VOLTA
Vista como um pesadelo pelos times que descem, a Segunda Divisão tem proporcionado ao rebaixado um belo reencontro com os torcedores.
Veja o Vasco. Em 2008, na Série A, teve média de 13.723 de público em 19 jogos em casa. Agora, na vitoriosa campanha na Série B, chegou a 25.730 por partida. Quase o dobro.
PLANO B DE BATTISTI
A novela da extradição de Cesare Battisti permite mais de um desfecho.
Um deles seria Lula autorizar a permanência do italiano aqui “por razões humanitárias”, sem questionar — ao contrário do que andou delirando o ministro Tarso Genro — as instituições democráticas da Itália.
SEGUE...
Neste roteiro, a reação do primeiro-ministro Berlusconi, com quem Lula falou do tema recentemente, seria menos irada...
Será?
ESTRELA DA ESPERANÇA
Na lista dos que vão receber amanhã a Ordem do Mérito Cultural, dois nomes, Zeca Pagodinho e Noca da Portela, foram sugeridos diretamente por Lula.
Noca, aliás, um dos autores de “Estrela da esperança”, jingle da campanha petista de 2002, animou o aniversário de Lula, mês passado, na Granja do Torto.
‘NESTRÊ’ E ‘GROBO’
Ontem, o coleguinha William Waack, num seminário com Kofi Anan, no Rio, tropeçou na pronúncia do patrocinador. Em vez de Nestlé, falou “Nestrê”.
No que o bem-humorado Ivan Zurita, presidente da empresa, rebateu: “O sr. é da Grobo?”.
VIVA NIEMEYER!
“Tempos modernos”, a próxima novela das 19h da TV Globo, escrita por Bosco Brasil, vai fazer uma homenagem ao nosso Oscar Niemeyer. O personagem do ator Marcos Caruso se chamará Niemann, um arquiteto brilhante, que vive um triângulo amoroso.
ALIÁS...
As primeiras cenas de Caruso serão gravadas na casa de Niemeyer, em São Conrado, no Rio.
RACHUNCHO
O lobista Eduardo Raschkovsky, acusado de vender decisões judiciais numa série de reportagens de Chico Otavio e Cássio Bruno no Globo, ganhou no meio forense carioca o apelido maldoso de “Racha...kovsky”. O 15º Ofício, por exemplo, por algum tempo, rachava seu lucro com o lobista, que recebia 14% da renda bruta do cartório.
SEM SUPLENTE
Fernando Gabeira, que deve se candidatar ao Senado, vai consultar o TSE sobre a possibilidade de registrar sua candidatura sem suplente. Por ele, em caso de impedimento do titular, assumiria a cadeira o segundo candidato mais votado.
Hoje, das 81 cadeiras do Senado, 14 estão com suplentes.
RIO 40 GRAUS
Um executivo de férias foi ontem cedo a um Departamento da Rio Luz em Botafogo, no Rio.
Foi barrado por estar de bermuda. Com este calor, bem que Eduardo Paes poderia liberar.
DORA KRAMER
Ciro é preciso
O ESTADO DE SÃO PAULO - 24/11/09
A julgar pelo raciocínio do patrocinador da pesquisa Sensus, o presidente da Confederação Nacional dos Transportes, Clésio Andrade, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso transfere rejeição e o atual, Luiz Inácio da Silva, só transpõe aprovação.
Segundo ele, o pré-candidato do PSDB e governador de São Paulo, José Serra, apresentou redução de 15 pontos porcentuais em seus índices de intenção de votos no último ano porque 49,3% dos eleitores não votam em candidato indicado por FH, e Dilma Rousseff chegou aos 21,7% porque 51,7% votariam por influência do presidente Lula.
Como exercício de sofismo, vale o argumento que, no entanto, fica devendo um acerto com a lógica dos fatos. E estes apontam para explicações mais simples, contidas na própria pesquisa, na realidade cotidiana da campanha eleitoral antecipada, na evidência de que nem Lula nem Fernando Henrique são candidatos e na comezinha constatação de que o eleitorado não é de todo tatibitate.
Serra registrava índices de até 45% quando transitava no ambiente político quase como candidato único, pois desde a derrota em 2002 e a disputa pela legenda do PSDB em 2006 com Geraldo Alckmin que se sabe que o tucano pleitearia a Presidência em 2010.
Um parêntese: na época já era identificado com Fernando Henrique - de quem foi ministro e oficialmente candidato a presidente -, não tendo ocorrido de lá para cá nada que pudesse aumentar (nem diminuir) essa identificação.
Desde o ano passado o presidente Lula vem se dedicando à construção de uma candidatura presidencial, justamente para ocupar o espaço onde a oposição reinava quase absoluta. Conseguiu tirar Dilma dos 2%, 3% iniciais e introduzi-la no patamar dos chamados dois dígitos.
Aí, o presidente da CNT acerta, até porque não há como errar: o crescimento é fruto de transferência, pois Dilma só tem como fonte de votos o apoio de Lula, já que não dispõe de história eleitoral anterior, ao contrário dos demais pretendentes: Serra foi deputado-constituinte, senador, prefeito e é governador de São Paulo; Ciro Gomes é deputado e foi governador do Ceará; Marina Silva é senadora.
A entrada de Ciro e Marina nessa fase preliminar da disputa e a consolidação de Dilma como candidata de Lula obviamente que iriam abalar a preferência de Serra. Ciro na última pesquisa tem 17,5% das preferências e Marina, 5,9%.
Note-se que dos quatro nomes - Dilma, Serra, Ciro e Marina - apenas a ministra da Casa Civil é candidata assumida e virtualmente confirmada.
Os outros três são ainda hipóteses, cada qual em seu respectivo grau de certeza ou incerteza.
Acreditar que a queda na posição de José Serra seja devida à rejeição de FH é ignorar a entrada em cena dos demais concorrentes e imaginar que seus cerca de 24% possíveis eleitores estivessem até então vivendo em outra galáxia.
Como estavam mesmo por aqui, integrando o cordão dos indecisos ou engordando artificialmente os índices de Serra, evidente que os votos se dividiram por causa da existência de novas opções.
Outra constatação decorrente da pesquisa: se a eleição fosse hoje, Lula precisaria de Ciro Gomes como candidato a presidente e não a governador de São Paulo. Sem ele, Serra bate Dilma por 40, 5% a 23,5%.
QUARTEL DE ABRANTES
O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares é um sujeito injustiçado por seus pares.
Dedicou a vida ao partido, organizou um amplo esquema de financiamento à formação da maioria governista no Congresso, foi para o sacrifício de boca fechada, mas é o único dos envolvidos no processo da "organização criminosa", em curso no Supremo Tribunal Federal, a ser mantido no estaleiro.
Os demais mensaleiros foram todos anistiados pelo partido, que agora recebe vários deles de volta à direção nacional, sob a invocação do lema de que é hora de "tocar a vida para frente" sem remoer culpas já arquivadas nos escaninhos do passado.
Partidariamente falando, Delúbio paga a conta sozinho. Enquanto os companheiros são vistos como "bons" para dirigir nacionalmente o PT - sem que se ouça uma só palavra sobre exigência de mudanças de métodos -, o ex-tesoureiro teve seu pedido de refiliação ignorado sem passar por nenhum exame, alegadamente para não criar "constrangimento".
Se, como alega o PT, todos são inocentes até serem julgados e têm os mesmos direitos dos outros filiados, seria de se perguntar o que Delúbio tem de diferente para não ser merecedor do mesmo perdão. Seria, se a resposta não fosse tão óbvia.
Como em tudo o mais, aqui também a preocupação do PT é com o simbolismo, com a aparência, muito mais do que com a essência das coisas. Delúbio virou símbolo, quase um sinônimo daquele escândalo. Daí ser uma fonte de "constrangimento".
O fato de ter agido sob as ordens de uns e prestado serviços a outros, entre os que retornam, passa aos registros na condição de pormenor.
CLÁUDIO HUMBERTO
ÁLVARO DIAS (PSDB-PR), AO EXPLICAR QUE O IRANIANO NEGOU A EXISTÊNCIA DO HOLOCAUSTO
TRS: JORNAL ESMAGADO POR RELATAR CORRUPÇÃO
O jornal gaúcho Já – de Elmar Bones, ex-Coojornal, um dos jornalistas mais admirados do País – deve fechar as portas. Não tem condições de pagar uma indenização à família do ex-governador Germano Rigotto – cujo irmão, Lindomar, falecido, foi apontado como um dos principais operadores de um esquema de corrupção na área de energia, no governo de Pedro Simon. Há 8 anos os Rigotto tentam fechar o jornal.
TUNGA RECORDE
O jornal Já apenas contou a história do rombo de R$ 800 milhões (valor atual) nos cofres gaúchos – quinze vezes maior que o mensalão lulista.
ESPANTO
Dilma Rousseff era secretária de Energia e mandou investigar fraudes em sua área no governo anterior, de Pedro Simon. Ficou estarrecida.
RARO DESFECHO
Do espanto de Dilma nasceu uma CPI na Assembleia gaúcha, que apontou corruptos e também corruptores: 13 pessoas e 11 empresas.
O FILHO DAS PESQUISAS
O governo Lula tem 70% de aprovação, diz pesquisa CNT/Sensus. Após a exibição do filme sobre a vida dele, deve chegar a uns 110%...
DURONA, DILMA NÃO FALA DE PERUCA
Por vários dias a coluna tentou saber quando a ministra da Casa Civil, mãe do PAC e candidata de Lula à presidência, vai tirar a peruca que usa há meses, após a queda de cabelos provocada pelo câncer. Curada oficialmente em setembro, Dilma nem admite que cabelos curtos poderiam humanizar sua imagem. Curtos, eles rejuvenescem. Ao contrário da peruca, que parece emprestada pelo saudoso Zacarias.
REZA FORTE
O presidente Lula, sempre atrasado, apressou-se ontem porque Ahmadinejad tinha que rezar para Meca. Ele, dá uma para o santo...
MALA ATÔMICA
Quem chegou ao aeroporto de Brasília ontem cedo, desembarcou pra lá de Teerã. Ficou mofando, em nome da “segurança” de Ahmadinejad.
SEM CONTEÚDO
O currículo do neoministro José Antônio Toffoli no Supremo Tribunal Federal só tem a foto dele: o site informa que “aguarda conteúdo”.
COM A BOLA TODA
Lula joga o “jogo da paz” no Oriente Médio recebendo o anão atômico Ahmadinejad, que quer varrer Israel, e sugere partida da Seleção com combinado de israelenses e palestinos. E ainda acha que apita...
TARSO, IL PAZZO
Se Lula não segurar, o ministro Tarso Genro (Justiça) vai acabar em camisa-de-força. Chamou a Itália de “país fascista” esquecendo que a “famiglia” presidencial tem passaporte italiano. Triste destino o dela...
LIBERDADE DE ESCOLHA
Após a demissão da diretora-executiva da Fundação Geap, plano de saúde de funcionários federais, vem aí outra novidade: o Ministério do Planejamento decidiu liberar o servidor para escolher o plano de saúde que quiser. A Geap acabará assistindo apenas clientes mais idosos.
‘ALOPRADINEJAD’
O promotor argentino que investiga o atentado na associação beneficiente Amia, em Buenos Aires, que matou dezenas de pessoas há 15 anos, considerou “muito grave” Lula receber com “todas as honras”, o homem “que não entrega os mentores à Justiça argentina”.
INEFICAZ
Os deputados tucanos Marcelo Itagiba (RJ) e Zenaldo Coutinho (PA) exibiam faixa com “Holocausto nunca mais”, em resposta ao porralouca Ahmadinejad. Seria mais eficaz se fosse em farsi, a língua do iraniano.
ESTRANGEIRISMO
A Companhia de Concessões Rodoviárias, que estreou ontem na Bolsa de Valores de São Paulo, foi quase totalmente tomada por estrangeiros: 69% das ações da empresa foram vendidas aos gringos.
SAIA JUSTA
Os Correios meteram o chefe, ministro Hélio Costa (Comunicações), numa saia justa: publicou ato considerando a italiana Fiat “empresa inidônea”. A indústria está sediada em Minas Gerais, Estado que o ministro pretende governar a partir de 2010.
CALA-TE, BOCA
No enterro do ex-prefeito paulista Celso Pitta, a viúva Rony Golabek não escondeu a revolta com o prefeito Gilberto Kassab (DEM), ex-secretário do falecido, e em especial com tucanos, ilustres ausentes. Soou como ameaça quando disse: “Vou provar que ele foi um Judas da política”.
FALANDO PERSA
Dizem que Ahmadinejad ligou do celular para seu líder espiritual e falou “Aiatolá”, e Lula cochichou ao lado: “Aiatoaqui!”
PODER SEM PUDOR
ROTINA DE UM DITADOR
Chefe de polícia com status de ministro, Felinto Muller chegou atrasado quase três horas para um despacho com o ditador Getúlio Vargas. Explicou que chegara ao Palácio do Catete na hora devida, mas na sala de espera encontrou um juiz muito irritado com o fato de um preso não ter sido libertado, mesmo após sua ordem. Muller disse ao presidente que decidira então acompanhar o juiz à prisão para fazer cumprir a tal ordem de soltura, daí o atraso. O ditador ouviu a desculpa com atenção, deu uma baforada no charuto e perguntou, ferino:
– Mas o juiz ficou preso, não é?...
AUGUSTO NUNES
VEJA ON-LINE
A trinca que apostou na crise está a poucas milhas do naufrágio
“Cada povo decide a democracia que quer ter e ele foi legitimado pela eleição”, recitou Lula outra vez, sempre para justificar o noivado indecoroso com Mahmoud Ahmadinejad. O que vale para o Irã dos aiatolás e seu capataz não vale para Honduras nem se estende ao vencedor das eleições presidenciais do dia 29. O governante que topa qualquer negócio com qualquer abjeção continua a produzir explicações malandras para recusar-se a validar uma escolha limpa, livre e decidida pelo voto popular.
Honduras só terá de volta a amizade do Brasil e a vaga na OEA se, quando domingo chegar, Lula telefonar para o palácio em Tegucigalpa e ouvir, do outro lado da linha, a voz do companheiro Manuel Zelaya. O governo só quer conversa com o chapéu amigo, endossou Marco Aurélio Garcia. Excitado com os preparativos para a recepção ao parceiro iraniano, já escolhendo a gravata que não combinaria com o terno mal cortado, o conselheiro para complicações cucarachas reiterou que quem deve escolher o chefe de governo hondurenho é o Brasil. ”Não consideramos legítima a votação”, advertiu. ”Não vamos dar um atestado de bons antecedentes aos golpistas”.
Informado de que o presidente interino Roberto Micheletti resolvera afastar-se do cargo na semana da eleição, o chanceler Celso Amorim por pouco não sucumbiu a outro chilique. “Ele não pode sair de onde não poderia estar”, desdenhou. ”Isso para mim soa quase que como… enfim, não vou dar palpite nos assuntos dos outros agora”. Por ter apostado na crise muito mais do que tinha, resta à trinca agarrar-se à esperança esfumaçada. E fazer de conta que diplomacia rima com teimosia também na linguagem da política externa.
“O presidente Lula, seu infeliz chanceler Amorim e o nefasto Marco Aurelio Garcia são claramente parte do problema e não parte de sua solução”, constatou o senador americano Richard Lugar. ”Esses três brasileiros deveriam preocupar-se com a violação da Carta Democrática da OEA por Hugo Chávez em vez de caminhar contra o óbvio desejo de milhões de hondurenhos”. E da multidão de candidatos, confirmou o mais recente dos incontáveis fiascos protagonizados pelo presidente sem país a presidir.
Hospedado há mais de dois meses na embaixada que rebatizou de ”escritório político do presidente da República”, Zelaya divulgou um manifesto ordenando aos aliados, devotos e simpatizantes que boicotassem a campanha eleitoral e a votação. Os hondurenhos preferiram comparecer aos comícios. Dos mais de 13.500 candidatos, só 31 desistiram da disputa. Como o boicote teve o apoio militante também de Lula, Amorim, Garcia e da primeira-dama Xiomara, o mundo descobriu que o rebanho que só topa ser conduzido por Zelaya junta no momento 35 cabeças.
O reconhecimento antecipado do novo governo de Honduras pelos Estados Unidos e pela União Europeia colocou na rota do naufrágio o plano concebido para consolidar a liderança internacional do Brasil. Lula achou que, resolvida a crise, a vaga no Conselho de Segurança da ONU ficaria ao alcance da mão. Ficou com um Zelaya no colo.
TERÇA NOS JORNAIS
- Globo: Paes reclama que morador do Rio suja demais a cidade
- Folha: Lula defende programa nuclear do Irã
- Estadão: Irã tem direito a energia nuclear, defende Lula
- JB: Manobra dá fôlego ao caixa do Fisco
- Correio: Sob protestos, Brasil declara apoio ao Irã
- Valor: Na crise, BB colocou R$ 6,7 bi para socorrer bancos e Sadia
- Jornal do Commercio: Bagunça no concurso da PM ainda é mistério
segunda-feira, novembro 23, 2009
PAULO GUEDES
Nos anos 20 do século passado, o brilhante economista John Maynard Keynes vislumbrava pontes de papel sobre o Oceano Atlântico: “A recuperação econômica da Alemanha depende de um enorme fluxo circular de papéis, com os Estados Unidos dando empréstimos à Alemanha, que usa os recursos para reparações de guerra feitas à Inglaterra e à França, que por sua vez pagam suas dívidas com os Estados Unidos.” A ciranda financeira era um esforço para a manutenção da atividade econômica mundial após a I Grande Guerra.
Na primeira década do século XXI, as pontes de papel estão sobre o Pacífico. O excesso de poupança dos asiáticos estimulou o extraordinário endividamento dos americanos. Especialmente os chineses financiam os gastos excessivos dos Estados Unidos, que por sua vez se transformam em mais exportações, maior crescimento e novos empregos. O esforço das autoridades tanto na China quanto na América é não deixar que se queimem as pontes de papel na tentativa de manter sua prosperidade econômica.
Como sabia Keynes à época que era insustentável a antiga ordem, e inevitáveis as mudanças, sabemos hoje que também se aproxima do esgotamento a simbiose sino-americana.
O capitalismo desimpedido exigiria ajustamentos fulminantes. As quedas de preços de ações e imóveis na América derrubariam o consumo. A falência das agências americanas de crédito imobiliário dissolveria mais de US$ 1 trilhão acumulados em manipulações cambiais pelo Banco Central da China. A desvalorização do dólar e a valorização do yuan seriam inevitáveis. O abalo do status do dólar como moeda de reserva da economia global interromperia os abusos do Federal Reserve, o banco central americano, em sua emissão descontrolada. E o modelo chinês de crescimento teria de se basear no consumo interno, evitando a deflagração da guerra mundial por empregos.
Este não é, entretanto, o mundo em que vivemos.
Permanecem sob controle das autoridades preços críticos da economia global, como as taxas de juros na América e a cotação dólar/yuan manipulada pela China. Temos pela frente um longo período de reflação da demanda global. É nesse ambiente global de liquidez abundante, taxas de juros artificialmente baixas, preços de commodities inflados, manipulação cambial e guerra mundial por empregos que a economia brasileira se deslocará no futuro próximo.
A liquidez abundante, o excesso de oferta de mão de obra não qualificada e a disponibilidade de novas tecnologias tornam o empreendedorismo o fator escasso e, consequentemente, o mais valioso da nova ordem econômica mundial. Desse empreendedorismo dependeremos também para a recuperação de nossa dinâmica de crescimento, baseada em um mercado interno de consumo de massas. Sua missão é mobilizar e coordenar fatores de produção críticos a nosso desempenho futuro: educação, logística e fontes de energia renováveis.
GEORGE VIDOR
É meio aquele ditado em espanhol sobre as bruxas (“no creo, pero que las hay, hay”). Então, por via das dúvidas, o sistema interligado deveria contar com “centrais elétricas de emergência”.
Instalar novas linhas de transmissão “sobressalentes” ficaria caro demais, e acabaria onerando as tarifas pagas pelos consumidores de energia. O mais adequado, na opinião de alguns especialistas, seria a utilização de usinas próximas aos centros de consumo que se dedicariam ao fornecimento de energia, em situações de emergência, para hospitais, quartéis, trens, metrôs, iluminação de ruas, áreas de grande movimento comercial.
No caso de não existirem centrais elétricas próximas, uma das opções seria a instalação de grandes geradores locais apenas para esse fim.
Embora queimem óleo combustível ou diesel, tais motores só funcionariam em situações de emergência.
Pela tecnologia atual, em menos de cinco minutos esses grandes geradores são postos em operação.
Provavelmente a implantação de um sistema de emergência a cargo das distribuidoras de energia custaria menos que a soma dos vários geradores de porte médio sob responsabilidade direta de hospitais, companhia de trens, etc.
Em andanças recentes tive a oportunidade de visitar a mais antiga usina de açúcar e álcool do grupo Cosan (a Costa Pinto, em Piracicaba), que é o maior do setor, para observar o processo de cogeração de vapor e energia elétrica a partir da queima do bagaço de cana. Das 400 e tantas usinas existentes no país, nem 90 geram excedentes de eletricidade.
Mas a geração atual já equivale a 3% da energia fornecida por Itaipu (mas a contribuição do setor poderia perfeitamente passar de 3% para 20%).
No caso da Costa Pinto, muito próxima ao centro de Piracicaba, cidade com 450 mil habitantes que faz parte da região metropolitana de Campinas, a capacidade de geração é de 75 megawatts. A usina utiliza um quinto disso para si própria. Grande parte do excedente é vendido à CPFL, por uma linha de transmissão de apenas dois quilômetros, e ainda sobra alguma coisa para negociação no mercado livre.
A usina consegue moer 24 mil toneladas de cana por dia. No dia em que a visitei, estava moendo quase 15 mil toneladas. A safra deve se estender até dezembro, pois chuvas fortes na região retardaram a colheita.
A lavoura da cana em São Paulo está se mecanizando.
Depois de 2014 não haverá mais colheita manual e, provavelmente, nem plantio (a introdução de cada máquina emprega de 14 a 18 pessoas, com salários geralmente 50% mais altos; no entanto, cada uma delas substitui o trabalho de cem cortadores de cana). Como 54% da safra paulista já são provenientes de lavouras mecanizadas, as usinas agora aproveitam também a palha, junto com o bagaço, nas suas caldeiras, obtendo mais vapor para o processo de produção de açúcar/álcool e geração de eletricidade.
Na colheita manual, a palha acaba sendo queimada antes do corte, para não expor ainda mais os trabalhadores a acidentes (as folhas da cana, quando verdes, parecem “navalhas”).
Os usineiros resistiram muito à idéia de investir em aumento da capacidade de cogeração. Essa iniciativa teve que passar por um teste São Tomé, comprovando, na prática, que funciona. O retorno do investimento se dá num prazo de 9 a 11 anos. A receita da venda de energia contribui com aproximadamente 10% do faturamento da usina, Pode não ser muito mas garante à empresa um fluxo de caixa estável (enquanto o resultado do açúcar e do álcool oscila fortemente, acompanhando a variação de preços desses produtos nos mercados doméstico e internacional). Para cada tonelada de cana, o lucro bruto obtido com açúcar e álcool é da ordem de R$ 90. Então é uma atividade que, para ser bom negócio, precisa de grandes quantidades.
Voltando ao tema da cogeração, com exceção do sistema de controle das turbinas — semelhante ao de aviões — toda a linha de equipamentos para a cogeração é fabricada e projetada no Brasil.
A chamada bioeletricidade, originária do bagaço de cana, sempre terá função complementar, especialmente no período que as chuvas diminuem e os reservatórios das hidrelétricas se esvaziam.
É um tipo de energia que, se não é capaz de evitar apagões, permite que localidades próximas às usinas restabeleçam o fornecimento rapidamente. Foi o que aconteceu em algumas cidades do interior de São Paulo no último apagão.
Embora complementar, é uma energia de fonte renovável, que se habilita a receber créditos de carbono (quando o projeto é certificado, sob aval da ONU, como Mecanismo de Desenvolvimento Limpo).
O governo deveria adiar o leilão de energia marcado para dezembro e esperar pela liberação de licenças ambientais prévias de futuras hidrelétricas. Assim, evitaria que usinas térmicas (especialmente a óleo) dominem este leilão, como ocorreu nos anteriores. Já não há mais sangria desatada no setor.A energia que será licitada é para entrega daqui a cinco anos.Uma espera de mais alguns meses não comprometeria o planejamento da oferta.
MARINA SILVA
Fazendo do passado passado
Folha de S. Paulo - 23/11/2009 |
CINCO DIAS separam duas datas. A primeira, 15 de novembro, celebra a proclamação da República. A segunda, 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, homenageia Zumbi dos Palmares. Os cinco dias, porém, representam o atraso de um século. |
AMIR KHAIR
Terrorismo monetário
FOLHA DE SÃO PAULO - 23/11/09
O mercado financeiro e o Banco Central preveem que a inflação até o final de 2011 fique abaixo do centro da meta de 4,5% ao ano. Apesar disso, as análises do mercado financeiro defendem um aumento da Selic em 2010 e 2011 para níveis superiores a 10% ao ano. Avaliam que a expansão fiscal do governo federal geraria aumento de demanda que superaria a oferta de bens e serviços produzidos no País, causando inflação.
Essa avaliação precisa ser questionada, pois interessa ao mercado financeiro a Selic crescer: além dos maiores lucros com os juros dos títulos do governo federal, aumenta o spread nos financiamentos.
Afirma o mercado financeiro que o forte crescimento econômico irá ultrapassar o produto potencial, ou seja, a máxima capacidade de produção do Brasil sem causar inflação. Ou ainda, quando interessa parar de reduzir a Selic, o argumento mais usado é de que seu efeito sobre a economia leva de 6 a 9 meses para se consolidar.
Caso não procedam essas avaliações, poder-se-ia continuar a reduzir a Selic até níveis compatíveis com a realidade internacional, que têm sido suficientes para manter inflações baixas.
Os benefícios seriam: 1) Redução nas despesas com juros do governo federal em 2% do PIB e queda mais rápida da relação dívida/PIB; 2) elevação dos investimentos das empresas na produção, em vez de aplicação no mercado financeiro; 3) redução dos ganhos de arbitragem do capital externo, reduzindo as perdas no balanço de pagamentos; 4) atenuação do processo de apreciação do real; 5) redução das perdas causadas pela elevação das reservas internacionais, responsáveis neste ano por metade do crescimento da relação dívida/PIB; 6) melhora na redistribuição de renda, pela diminuição das despesas com juros, pagas com um sistema tributário fortemente regressivo; e 7) cairia por terra a tese de que maior crescimento significa maior inflação.
Produto potencial - O produto potencial é estimado por modelos econométricos baseados no histórico de crescimento econômico e na inflação, considerando os fatores que podem limitar o crescimento da produção. Até cinco anos atrás, era de 3%. Como desde 2004 até 2008 a média de crescimento anual foi de 4,8%, sem causar problemas na inflação, foi reestimado para 4% a 5%. Ou seja, em apenas cinco anos a estimativa do produto potencial cresceu 50%!
A falha principal do conceito de produto potencial é que parte do princípio de que a oferta de bens e serviços é feita só pela produção nacional, ou seja, não se teriam importações de bens e serviços. Assim, um crescimento da demanda só poderia ser atendido pela oferta local, que não acompanharia esse crescimento, gerando inflação.
Parecem ignorar que o processo de globalização radicalizou a concorrência internacional, forçando os produtores locais a ofertar produtos em quantidade, qualidade e preço compatíveis com as ofertas de outros países. Foram barateados máquinas, equipamentos, produtos intermediários, produtos finais e serviços. A consequência foi a queda progressiva na inflação mundial. A demanda interna de um país é limitada pelo poder aquisitivo da população e por condições de financiamento do consumo, mas a oferta é praticamente ilimitada, pois é constituída pela produção para o mercado interno do país mais a ofertada internacionalmente.
O caso brasileiro merece destaque dentro deste processo global, pois, a par com a desvalorização internacional do dólar, nossos fundamentos macroeconômicos sólidos, as perspectivas de crescimento do consumo e a manutenção de enorme diferencial entre juros internos e externos fizeram com que a valorização do real fosse maior do que nos outros países, reduzindo ainda mais os preços dos produtos importados e dificultando nossas exportações, que são parcialmente deslocadas para o mercado interno.
Prazo de 6 a 9 meses para surtir efeito a alteração da Selic - Essa afirmativa não tem comprovação teórica ou empírica. É usada como se fosse um axioma matemático ou um dogma religioso. Desconhece-se relação estatisticamente significativa entre essas variáveis, pois são tantos os fatores a influenciar a inflação, e que independem da política monetária, que ocorrem com frequência erros de previsão até para períodos curtos de três meses. Como o horizonte da política monetária é bem superior, os erros de previsão são também maiores.
A possibilidade de ocorrer um processo inflacionário em escala global está ligada ao preço das commodities e dos alimentos, que poderão ocorrer com o forte crescimento dos países emergentes, que passam a incluir vultosos contingentes de novos consumidores. Apesar disso ter ocorrido durante vários anos antes da crise de setembro de 2008, a inflação mundial pouco se alterou, mostrando a supremacia da concorrência internacional e do crescimento da produtividade na definição dos preços em escala global.
Como conclusão: podemos crescer a taxas superiores a 5% ao ano sem riscos inflacionários e, portanto, sem temor do terrorismo monetário causador do agravamento da distribuição de renda, do déficit das contas públicas, do baixo nível do investimento produtivo e do atraso em nosso desenvolvimento.
Amir Khair, mestre em Finanças Públicas pela FGV, é consultor
FERNANDO RODRIGUES
Desafio ao Congresso
Folha de S. Paulo - 23/11/2009 |
O escândalo da vez na política é o uso generalizado de notas fiscais de empresas fantasmas. Dezenas de deputados adotaram a prática ao justificar o emprego de suas verbas indenizatórias de R$ 15 mil por mês, segundo os repórteres Alan Gripp e Ranier Bragon. |
PAULO GODOY
Um cartão de visitas nada apresentável
O ESTADO DE SÃO PAULO - 23/11/09
Mesmo com a crise financeira, os aeroportos continuaram a funcionar em alta rotação. Se, de um lado, o transporte aéreo de cargas foi bastante prejudicado, fruto da queda da produção industrial e das exportações, a movimentação de passageiros no sistema aeroportuário brasileiro foi 15,9% maior em agosto, em comparação ao mesmo mês de 2008. No acumulado dos oito primeiros meses do ano, os terminais contabilizaram 5% a mais de passageiros. Nos últimos 12 meses, 2,2% a mais.
Esse desempenho surpreende diante do que ocorreu no mundo no mesmo período, quando o fluxo de passageiros cresceu 0,1% em agosto, diminuiu 5,1% nos oito primeiros meses e caiu 5,1% no acumulado de 12 meses.
Esse crescimento, bem-vindo em qualquer mercado, tem causado problemas aos passageiros que embarcam e desembarcam em aeroportos brasileiros, principalmente na área internacional. O atendimento em alguns dos mais movimentados terminais nos horários de pico está crítico. O Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro, em Guarulhos (SP), é um exemplo incomparável. Nas primeiras horas do dia, quando há acúmulo de chegada de voos internacionais, fica evidente que a capacidade de atendimento é incompatível. As filas na imigração, na alfândega e nas bagagens se alongam e exigem até duas horas de paciência dos usuários - um péssimo cartão de visitas para o turismo e para os negócios. Há relatos semelhantes para o Galeão (RJ) e inclusive para aeroportos recentemente reformados, como Salvador (BA) e Confins (MG).
O sistema aeroportuário, que passou por grave crise entre 2006 e 2007, ainda enfrenta problemas e necessidade de pesados investimentos para melhorar quesitos como capacidade de pistas de pousos e decolagens, sistemas de controle e segurança de tráfego aéreo e condições nos terminais de passageiros. Os investimentos patinam por diversas razões, desde precariedade nos projetos de engenharia, falhas nos processos de licitação, burocracia e até descaso. Neste momento, de imediato, parece ser mais crítico melhorar a qualidade no atendimento e a capacidade dos terminais. Mesmo que sejam conhecidas as limitações físicas dessas áreas, uma gestão mais eficiente pode trazer algum alívio.
Os aeroportos são uma das principais plataformas de negócios e investimentos dos países, imprescindíveis num mundo cada vez mais globalizado, em que os mercados regionais agora são planetários. Os usuários precisam ser tratados com mais segurança, qualidade e agilidade. A capacidade e o espaço físico precisam ser compatíveis com a demanda e as necessidades. As múltiplas responsabilidades e competências que funcionam nos aeroportos precisam ser gerenciadas de forma centralizada. Prêmios por excelência e multas por incompetência precisam começar a ser aplicados. Com essa visão, a solução exige ação em algumas frentes.
Estrutura compatível - É urgente adequar a quantidade de guichês de atendimento ao atual fluxo de passageiros no desembarque internacional, principalmente nos horários de pico. É preciso ter mais máquinas e instrumentos em funcionamento, com recursos humanos em quantidade suficiente e bem treinados, numa mobilização especial para atender à quantidade de usuários. Isso pode diminuir imediatamente o sofrimento atual e preparar a estrutura operacional dos aeroportos para a movimentação extra entre dezembro e janeiro.
Administração centralizada - As instituições públicas que operam nos aeroportos deveriam obedecer a um mesmo comando. Atualmente, sob gerência de ministérios distintos (Fazenda, Defesa, Saúde e Justiça), o atendimento funciona de acordo com regras e recursos próprios de cada um. Os usuários, que têm de percorrer todos esses guichês, sofrem com isso.
Indicadores de qualidade - Tal qual em outros setores de infraestrutura, é crucial estabelecer indicadores para medir a qualidade dos serviços aeroportuários. As reclamações diárias de muitos passageiros precisam ser mensuradas para dar suporte às ações de correção.
Novo modelo - Além da mensuração da qualidade, a sociedade ganharia muito se o setor aeroportuário começasse a funcionar sob as premissas do modelo de concessões, como já ocorre em outros setores da infraestrutura. Toda a prestação de serviço passaria a ser regida por contratos com empresas públicas ou privadas, com metas de investimento, obrigações e penalidades, e fiscalização técnica e independente de uma agência reguladora.
Felizmente, para alguns desses pontos há avanços. Em breve, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) deve divulgar um conjunto de indicadores para aferir a qualidade dos serviços, o que será essencial para transformar em números o que hoje são apenas reclamações dos usuários. Paralelamente, o governo federal deve publicar um decreto com diretrizes para as concessões de aeroportos no Brasil, primeiro passo para um novo marco regulatório setorial.
Mas, se essas medidas criam boas perspectivas para o médio prazo, a situação de alguns terminais de passageiros requer solução urgente, principalmente naqueles em que chega a maioria dos visitantes de negócio do Brasil. As horas perdidas em filas não significam somente desconforto e irritação, mas sobretudo uma brutal perda de competitividade da economia brasileira. Nessas condições, os aeroportos contrariam o esforço do governo e das empresas em promover a imagem positiva do Brasil no exterior. Para um país que recebeu a incumbência de realizar uma edição da Copa do Mundo e uma dos Jogos Olímpicos, esse é um cartão de visitas nada apresentável.
Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), é integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES)
FERNANDO DE BARROS E SILVA
O ocaso de Pitta
Folha de S. Paulo - 23/11/2009 |
A verdade é que quase mais ninguém se lembrava de que Celso Pitta estava vivo. A surpresa pela morte precoce vem acompanhada por essa outra circunstância -da morte em vida. A última aparição de Pitta que ficou na memória coletiva é sintomática: alvo da operação Satiagraha, foi filmado em casa, preso de pijamas. Ao longo dos últimos anos, sua figura emergia de quando em quando das profundezas do oceano, onde parecia habitar assustado, sempre associada ao noticiário político-policial ou a escândalos familiares. |
PAINEL DA FOLHA
Lavanderia mensaleira
RENATA LO PRETE |
Folha de S. Paulo - 23/11/2009 |
O ministro Joaquim Barbosa determinou ao banco BMG fornecer cópia de nota promissória de R$ 13 mi, emitida em 2004 por Marcos Valério e Rogério Tolentino, e de título de R$ 10 mi em favor da DNA Propaganda, agência do operador do mensalão. O ministro requisitou ainda o dossiê da firma de Tolentino, advogado de Valério. Para especialistas, o objetivo é conferir se documentos apresentados pela defesa para justificar o trânsito de recursos têm lastro ou consistem numa etapa de lavagem de dinheiro. A determinação ocorreu dias antes de Barbosa afirmar no STF que Valério é "expert" em lavagem, o que levou o empresário a pedir o afastamento do relator do processo sob alegação de prejulgamento.
com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER Do vereador JOÃO ANTONIO, líder do PT na Câmara paulistana, sobre o aumento de até 60% no imposto anunciado pela prefeitura para 2010. |