Bolsonaro investe em novo Bolsa Família para salvar governo
Na campanha, presidente negou que tivesse programa de renda mínima
Em 2018, a campanha de Jair Bolsonaro entregou ao TSE um plano de governo que prometia, “a cada brasileiro, uma renda igual ou superior ao que é atualmente pago pelo Bolsa Família”. No dia seguinte, o candidato mostrou que não havia lido o programa. Quando a imprensa noticiou a ideia, ele achou que fosse mentira. “Meu Deus! Kkkkkkkk! É inacreditável!”, escreveu.
Bolsonaro sempre submeteu suas posições a conveniências políticas. Naquele ponto da corrida eleitoral, ele preferiu rechaçar a proposta de renda mínima para se contrapor aos rivais do PT. Agora, o governo trabalha num projeto que pode servir de bote salva-vidas para seu mandato.
Há meses, ministros falam em expandir e rebatizar o Bolsa Família para apagar a marca petista e vincular o benefício a Bolsonaro. A proposta tomou velocidade na esteira do auxílio emergencial do coronavírus.
Na segunda (8), o austero Paulo Guedes disse que os cidadãos atendidos por esse programa serão incluídos no novo Renda Brasil.
Ninguém explicou se os beneficiários do programa precisarão atender aos requisitos do Bolsa Família, como a vacinação de crianças e a comprovação de frequência escolar. Ficou aparente, no entanto, o cálculo político para sustentar um governo com impopularidade crescente. Bolsonaro perdeu apoio nas faixas mais ricas do eleitorado, mas ganhou espaço em segmentos de baixa renda.
Se tornar permanente um auxílio de R$ 200 para trabalhadores informais, como sugere Guedes, o governo pode fidelizar parte desse grupo. Uma análise do Datafolha mostrou que, dos 33 pontos de avaliação positiva de Bolsonaro, quase 7 vêm de pessoas que não votaram nele, mas pediram a ajuda ao governo.
Com a jogada, o presidente ainda reforça a tentativa de transferir a governadores a responsabilidade pela crise econômica do coronavírus. Bolsonaro perdeu a batalha do isolamento e passou a manipular as estatísticas que comprovam o fracasso do país no combate à doença, mas já mira o período pós-pandemia.
Bruno Boghossian
Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).
Na campanha, presidente negou que tivesse programa de renda mínima
Em 2018, a campanha de Jair Bolsonaro entregou ao TSE um plano de governo que prometia, “a cada brasileiro, uma renda igual ou superior ao que é atualmente pago pelo Bolsa Família”. No dia seguinte, o candidato mostrou que não havia lido o programa. Quando a imprensa noticiou a ideia, ele achou que fosse mentira. “Meu Deus! Kkkkkkkk! É inacreditável!”, escreveu.
Bolsonaro sempre submeteu suas posições a conveniências políticas. Naquele ponto da corrida eleitoral, ele preferiu rechaçar a proposta de renda mínima para se contrapor aos rivais do PT. Agora, o governo trabalha num projeto que pode servir de bote salva-vidas para seu mandato.
Há meses, ministros falam em expandir e rebatizar o Bolsa Família para apagar a marca petista e vincular o benefício a Bolsonaro. A proposta tomou velocidade na esteira do auxílio emergencial do coronavírus.
Na segunda (8), o austero Paulo Guedes disse que os cidadãos atendidos por esse programa serão incluídos no novo Renda Brasil.
Ninguém explicou se os beneficiários do programa precisarão atender aos requisitos do Bolsa Família, como a vacinação de crianças e a comprovação de frequência escolar. Ficou aparente, no entanto, o cálculo político para sustentar um governo com impopularidade crescente. Bolsonaro perdeu apoio nas faixas mais ricas do eleitorado, mas ganhou espaço em segmentos de baixa renda.
Se tornar permanente um auxílio de R$ 200 para trabalhadores informais, como sugere Guedes, o governo pode fidelizar parte desse grupo. Uma análise do Datafolha mostrou que, dos 33 pontos de avaliação positiva de Bolsonaro, quase 7 vêm de pessoas que não votaram nele, mas pediram a ajuda ao governo.
Com a jogada, o presidente ainda reforça a tentativa de transferir a governadores a responsabilidade pela crise econômica do coronavírus. Bolsonaro perdeu a batalha do isolamento e passou a manipular as estatísticas que comprovam o fracasso do país no combate à doença, mas já mira o período pós-pandemia.
Bruno Boghossian
Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).
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