Penso que o melhor remédio para suas transgressões ainda é o impeachment
O home office funciona melhor no Judiciário do que no Legislativo. São os procuradores e juízes, e não os parlamentares, que estão se constituindo como vetor de resistência ao bolsonarismo.
A prisão de Fabrício Queiroz coloca ainda mais pressão sobre o clã presidencial. Os procuradores tiveram o cuidado de pedir também a prisão preventiva da mulher do ex-assessor, o que eleva as chances de ele entregar o jogo em vez de assumir sozinho a culpa por eventuais crimes cometidos pela primeira família.
O fato de Queiroz ter sido encontrado em propriedade do advogado dos Bolsonaros tampouco ajuda. Não é ilegal dar guarida a alguém que não era procurado pela Justiça, mas fazê-lo desmonta a narrativa de que o ex-assessor agira sozinho e estava rompido com o clã. Não que alguém um dia tivesse acreditado nisso, mas é ruim ser apanhado na mentira.
E a investigação sobre as “rachadinhas” é só uma das frentes abertas no Judiciário. Nos últimos dias, registraram-se avanços nos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos, bem como no processo eleitoral que corre no TSE.
Confesso que não ficarei chateado se alguma dessas iniciativas resultar na cassação de Jair Bolsonaro, mas penso que o melhor remédio para suas transgressões ainda é o impeachment. Não que não existam infrações penais ordinárias ou que o presidente não deva responder por elas, mas, se é lícito estabelecer uma hierarquia delitual, os crimes de responsabilidade me parecem mais importantes. Bolsonaro, afinal, ao atropelar princípios da administração e da decência, não soube comportar-se como presidente, tendo violado inúmeras vezes a letra e o espírito da Constituição.
A analogia é com Al Capone. Não podemos afirmar que sua prisão por sonegação fiscal tenha sido injusta, mas não há dúvida de que teria sido mais didático se ele tivesse sido condenado por algum dos muitos assassinatos que ordenou.
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