Guedes e articulação do Planalto ignoraram apelo de Bolsonaro por policiais na Previdência
A turma da polícia está danada da vida com Jair Bolsonaro. Policiais federais, rodoviários federais e legislativos, além de guardas municipais não conseguiram regras mais brandas de aposentadoria na votação da reforma da Previdência na comissão especial. Mesmo com todo o lobby, gente do Palácio do Planalto e da área econômica atuou para derrubar a investida.
“A relação fica muito ruim porque os compromissos não estão sendo honrados. A gente até acredita que haja uma boa vontade do presidente da República para resolver a questão, só que isso não se reverte em uma ordem a seus subordinados no Ministério da Economia e junto à articulação política no Congresso”, afirma o presidente da ADPF (entidade dos delegados da PF), Edvandir Paiva. “Em outras épocas, a gente falava com o presidente da República, ele dava uma ordem, e ela era cumprida.”
Operou contra o corporativismo estatal um “deep state brasilis” —versão tupiniquim do estado profundo americano, em que a ação da máquina burocrática busca frear despautérios de governantes voluntaristas. Neste caso, bem pouco profundo inclusive: entre os artífices da desobediência estão o secretário Rogério Marinho (Previdência) e o ministro Paulo Guedes (Economia).
O presidente fez apelos públicos a favor dos policiais nos últimos dias. Disse até que o governo havia errado ao enviar ao Congresso uma reforma sem beneficiar a categoria. Guedes deu de ombros (Bolsonaro tem “uma ingenuidade ou outra” ao tratar da Previdência). Marinho, idem (“é evidente que ele [presidente] tem direito de ter sua opinião”).
Até agora, Bolsonaro esteve mais fora que dentro da articulação pela aprovação da PEC previdenciária. Jogou como adversário nas raras vezes em que negociou. Nesta sexta (5), voltou a insistir que ainda há tempo e espaço para mudar o texto. “Olha… tem equívoco, tem mal-entendido. (...) Não acabou a reforma da Previdência. Mais que isso, depois da Câmara terá o Senado.”
Bendita seja toda insubordinação.
Julianna Sofia
Jornalista, secretária de Redação da Sucursal de Brasília.
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