Pedido formal do ex-ministro para ser desligado do partido deveria servir para estimular debates sobre o futuro de uma legenda que está sendo dominada pelo caudilhismo
O jogo e os embates políticos costumam ser marcados por momentos que fazem trepidar partidos, levando-os ou não à reflexão. Podem ser entrevistas ou mesmo atos inesperados, discursos ou documentos explosivos, como o que acaba de divulgar o ex-ministro Antonio Palocci, outrora poderosa liderança do PT, que, por meio de carta divulgada terça, pede desfiliação à presidente da legenda, senadora Gleisi Hoffmann, também ré na Lava-Jato.
A rigor, é a segunda carta de impacto produzida por Palocci. A primeira foi aberta, chamava-se “Carta ao Povo Brasileiro”, divulgada na campanha de 2002, lançada depois que o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva foi convencido a se comprometer a não alterar as bases da política econômica, que vinha funcionando, de FH.
Foi um passo fundamental para que o candidato, antes radical, conseguisse aplainar resistências e temores. Mais ainda: quando assumiu, em 1º de janeiro de 2003, Lula colocou Palocci na Fazenda, e o prometido foi cumprido, com o esperado êxito. Depois, sabe-se como tudo desceu a ladeira, com a volta de velhas ideias populistas.
Em entendimentos com o MP para fechar acordo de delação premiada na Lava-Jato, Palocci prestou depoimento, gravado em vídeo, em 6 de setembro, que já fora devastador para Lula e o partido. Como a previsível reação do lulopetismo que controla o PT foi processá-lo, Palocci, então, escreveu a carta em que pede o desligamento da legenda e ainda alinha sérios pontos para reflexão da militância.
Um deles: “(...) somos um partido político sob a liderança de pessoas de carne e osso ou somos uma seita guiada por uma pretensa divindade?”. Ou seja, Lula. Palocci lamenta não poder responder agora a questionamentos do partido, porque, devido à negociação do acordo de colaboração premiada, é forçado a guardar sigilo.
Mas, na carta, confirma a reunião estratégica, no Planalto, no final de 2010, em que Lula, na presença dele, de Dilma e do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, determina que o programa de montagem de sondas para o pré-sal seja usado como fonte de propinas para a campanha presidencial.
Escreve Palocci: “(...) Lula encomendou as sondas e as propinas, no mesmo tom, sem cerimônias, na cena mais chocante que presenciei do desmonte moral da mais expressiva liderança popular que o país construiu na nossa história.” O ex-ministro também confirma propinas pagas a Lula pela Odebrecht.
Se não pedisse desfiliação agora, ele seria mesmo expulso, como costuma acontecer com quem acusa o líder Lula dentro do partido. Para o ex-presidente e a legenda, foi infeliz coincidência a carta ter sido divulgada enquanto a defesa de Lula entregava à Justiça supostas provas de que o ex-presidente pagou aluguel pelo imóvel vizinho em São Bernardo.
Num caso à beira da comicidade, advogados de Lula apresentaram suspeitos recibos com datas inexistentes e rasuras estranhas. Agrava-se a situação do líder supremo e de sua legenda, porque reforça-se a conclusão de que o apartamento foi mesmo pago pela Odebrecht. E Palocci conhece bem esta e outras histórias. Enquanto isso, o partido ganha ainda mais ares de instrumento controlado pelo caudilhismo
O jogo e os embates políticos costumam ser marcados por momentos que fazem trepidar partidos, levando-os ou não à reflexão. Podem ser entrevistas ou mesmo atos inesperados, discursos ou documentos explosivos, como o que acaba de divulgar o ex-ministro Antonio Palocci, outrora poderosa liderança do PT, que, por meio de carta divulgada terça, pede desfiliação à presidente da legenda, senadora Gleisi Hoffmann, também ré na Lava-Jato.
A rigor, é a segunda carta de impacto produzida por Palocci. A primeira foi aberta, chamava-se “Carta ao Povo Brasileiro”, divulgada na campanha de 2002, lançada depois que o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva foi convencido a se comprometer a não alterar as bases da política econômica, que vinha funcionando, de FH.
Foi um passo fundamental para que o candidato, antes radical, conseguisse aplainar resistências e temores. Mais ainda: quando assumiu, em 1º de janeiro de 2003, Lula colocou Palocci na Fazenda, e o prometido foi cumprido, com o esperado êxito. Depois, sabe-se como tudo desceu a ladeira, com a volta de velhas ideias populistas.
Em entendimentos com o MP para fechar acordo de delação premiada na Lava-Jato, Palocci prestou depoimento, gravado em vídeo, em 6 de setembro, que já fora devastador para Lula e o partido. Como a previsível reação do lulopetismo que controla o PT foi processá-lo, Palocci, então, escreveu a carta em que pede o desligamento da legenda e ainda alinha sérios pontos para reflexão da militância.
Um deles: “(...) somos um partido político sob a liderança de pessoas de carne e osso ou somos uma seita guiada por uma pretensa divindade?”. Ou seja, Lula. Palocci lamenta não poder responder agora a questionamentos do partido, porque, devido à negociação do acordo de colaboração premiada, é forçado a guardar sigilo.
Mas, na carta, confirma a reunião estratégica, no Planalto, no final de 2010, em que Lula, na presença dele, de Dilma e do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, determina que o programa de montagem de sondas para o pré-sal seja usado como fonte de propinas para a campanha presidencial.
Escreve Palocci: “(...) Lula encomendou as sondas e as propinas, no mesmo tom, sem cerimônias, na cena mais chocante que presenciei do desmonte moral da mais expressiva liderança popular que o país construiu na nossa história.” O ex-ministro também confirma propinas pagas a Lula pela Odebrecht.
Se não pedisse desfiliação agora, ele seria mesmo expulso, como costuma acontecer com quem acusa o líder Lula dentro do partido. Para o ex-presidente e a legenda, foi infeliz coincidência a carta ter sido divulgada enquanto a defesa de Lula entregava à Justiça supostas provas de que o ex-presidente pagou aluguel pelo imóvel vizinho em São Bernardo.
Num caso à beira da comicidade, advogados de Lula apresentaram suspeitos recibos com datas inexistentes e rasuras estranhas. Agrava-se a situação do líder supremo e de sua legenda, porque reforça-se a conclusão de que o apartamento foi mesmo pago pela Odebrecht. E Palocci conhece bem esta e outras histórias. Enquanto isso, o partido ganha ainda mais ares de instrumento controlado pelo caudilhismo
Nenhum comentário:
Postar um comentário