BRASÍLIA - O fim da eleição em São Paulo voltou os olhos do mundo político para o outro lado da ponte aérea. O Rio promete ter o segundo turno mais animado das eleições municipais. Depois de enxotar o PMDB do prefeito Eduardo Paes, os cariocas decidirão entre Marcelo Crivella, do PRB, e Marcelo Freixo, do PSOL.
Os candidatos têm pouco em comum. De um lado, um bispo da Igreja Universal que virou senador. Do outro, um professor de história que se elegeu deputado estadual. Os dois começaram a nova fase da campanha com estratégias opostas. Freixo recebeu apoios da esquerda e criticou o governo Temer. Crivella foi atrás de partidos aliados ao Planalto.
O candidato do PSOL apostou na nacionalização do debate. Suas primeiras palavras na festa da apuração foram de ataque ao governo federal. "Derrotamos o PMDB em homenagem à democracia brasileira. É a resposta a um partido golpista", afirmou Freixo. A militância, é claro, reagiu com o coro "Fora Temer".
Crivella foi a Brasília para negociar com Aécio Neves, do PSDB, e Gilberto Kassab, do PSD. Também fez acenos à ultradireita. "Podemos criar uma aliança ética, de princípios, ideais e valores", disse, referindo-se à família Bolsonaro.
O movimento de Freixo preocupou alguns aliados, que temem seu isolamento político. Os outros dois candidatos de esquerda, Jandira Feghali (PC do B) e Alesandro Molon (Rede), não somaram 5% dos votos. A eleição será decidida por quem votou em outros quatro candidatos de centro-direita. Juntos, Pedro Paulo (PMDB), Flávio Bolsonaro (PSC), Indio da Costa (PSD) e Osorio (PSDB) ultrapassaram 47% dos válidos.
Se insistir no discurso do golpe, Freixo corre o risco de afugentar parte desse eleitorado sem ganhar nenhum voto novo. Por outro lado, o flerte com Bolsonaro ameaça aumentar a rejeição a Crivella. O senador já carregava o peso da Universal. Agora, parece disposto a posar com radicais que exaltam a ditadura militar.
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