SÃO PAULO - Foi uma eleição muito estranha, cheia de surpresas e reviravoltas. Não estamos, porém, desbravando um planeta desconhecido. Permanecem alguns pontos fixos no panorama político.
O mais sólido deles é que a economia importa. O partido cujo governo nos lançou na maior recessão da história, o PT, sofreu uma derrota contundente. No pleito de 2012, elegera 644 prefeitos. Agora, obteve 256 municipalidades e participará de sete segundos turnos. Se vencesse em todos, ficaria com 263 —queda de 59%. Passa de terceira maior legenda em número de prefeituras para décima. O PT também perde em total de votos recebidos, capitais governadas, vereadores e receita que administrará.
É verdade que o envolvimento do partido em escândalos de corrupção também ajuda a explicar a derrota, mas, como o desempenho de outras siglas tão ou mais comprometidas do que o PT na Lava Jato não piorou tanto, é lícito supor que a economia foi mais decisiva, como, aliás, já ensinavam James Carville e a maioria dos modelos de previsão eleitoral.
Com o encolhimento do PT, abriu-se um nicho ecológico a ser ocupado por outras forças. O maior beneficiado foram os tucanos, que poderão experimentar um crescimento de até 16% no número de prefeituras, sem mencionar que João Doria levou São Paulo no 1º turno. Partidos menores, notadamente PRB, PCdoB, PHS e PTN, também ganharam.
No momento, boa parte dos analistas aponta Geraldo Alckmin como grande vitorioso, por ter bancado a candidatura de Doria mesmo contra os baluartes do PSDB. É inegável que o governador paulista sai fortalecido, mas me parece precipitado projetar o hoje para 2018. A única coisa certa é que a situação política permanece instável e que será a economia que dará as cartas daqui a dois anos. Ou o processo de estabilização fiscal estará caminhando, o que lançará novos atores, ou terá fracassado, o que poderá, no limite, até redimir o PT.
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