quarta-feira, agosto 03, 2016

Brasil golpista - GUILHERME FIUZA

REVISTA ÉPOCA

Duas pesquisas nacionais indicaram que a maioria dos brasileiros quer eleições presidenciais antecipadas. Isso significa o seguinte: a maioria dos brasileiros continua não fazendo a menor ideia do que é bom para sua saúde. Chega a ser injusto que essa distinta sociedade tenha recebido o impeachment de presente. Talvez merecesse continuar sendo alegremente roubada pelos companheiros, que ganharam na moleza mais de 13 anos de enriquecimento às custas dessa maioria tonta.

A ridícula narrativa do golpe de Estado jamais teria ido além da esquina do diretório petista se o país soubesse razoavelmente o que está acontecendo. Não sabe. O Brasil está chupando o dedo, para variar, e começa a emergir da lama achando que é papai do céu quem o está puxando. Vai ver o desemprego e a inflação caírem, o crescimento voltar - e vai até desistir dessa palhaçada de eleição antecipada -enquanto se prepara para vitaminar os novos gigolôs da bondade.

São eles: PSOL e seus menudos anti-impeachment, Marina e sua Rede de transfusão petista, Ciro Gomes (original ou genéricos, tanto faz) e aventureiros associados - incluindo um possível e providencial Joaquim Barbosa e até um Lula redivivo, se estiver solto. O que todas essas criaturas têm em comum? Todas torceram seus narizinhos para o impeachment, pensando no dia de amanhã: herdar o curral petista.

Pode escrever, caro leitor. Pode pesquisar, auditar cada passo, palavra ou gesto dessa turminha da democracia carnavalesca: estão todos de régua e compasso nas mãos, para calcular o caminho mais curto para o poder, para viver do proselitismo do oprimido, torrando o dinheiro do contribuinte na montagem e manutenção de sua corte de propaganda progressista. Em setembro estarão todos na artilharia da oposição, querendo sangue e sonhando com a sua DisneyLula própria.

Todos eles são candidatíssimos à tal eleição antecipada que a maioria dos brasileiros diz que deseja ou acha que deseja.

Naturalmente, eleição antecipada é golpe. Alguém aí está disposto a ler a lei? Onde está prevista, na lei, essa aberração? Ou a maioria dos brasileiros não sabe ler a lei ou não se importa com ela. Os primeiros não são melhores que os últimos. Todos representam a mesma massa de manobra que sustentou o estelionato petista e está pronta para sustentar a próxima malandragem "progressista".

Qual foi a primeira voz a espalhar com força a tese da antecipação de eleições presidenciais? Foi a dela, a da primeira e única mulher sapiens, a da inesquecível Dilma Rousseff. E todos os bagunceiros profissionais, disfarçados de bons samaritanos, foram atrás do disparate. E lá vai a maioria da população, distraída, macaquear a esperteza.

Para quem não liga mais o nome à pessoa, Dilma Rousseff é esta que tem agora nova acusação no Tribunal Superior Eleitoral, por causa de uma empresa de fachada que recebeu quase R$ 5 milhões às vésperas da eleição de 2014 por serviços de informática inexistentes. Apenas mais um dos diversos atestados do sequestro das maiores empresas do país pelo partido que defende os pobres - e fabrica ricos.

É o mundo dos sonhos de toda a vagabundagem pseudoesquerdista (vale lembrar FHC no auge do "neoliberalismo", vendo a sanha parasitária da oposição: "Esquerda sou eu").

O governo Temer - governo de brancos, velhos, homens, feios, chatos, bobos, recatados e do lar - está arrumando a casa. Não que Temer seja a Providência divina. É apenas um político com desconfiômetro, que notou ser sua única chance montar um governo com os melhores. Todos sabem quem são os melhores. Lula sabe. Tanto que começou assim, até que a querida maioria brasileira o santificou e ele descobriu que não precisava mais dar satisfações a ninguém. Itamar Franco também sabia, ou pelo menos ouviu falar. Assim nasceu o Plano Real.

Não dá para fazer um governo só de bons. Há concessões inevitáveis, há a montagem da base política. Mas os que estão tomando conta do dinheiro, após uma década de picaretagem, são bons. E, com a casa arrumada, as virtudes haverão de florescer - ou pelo menos sair da sombra dos michês da bondade.

Prezada maioria brasileira, não precisa ajudar. Se fizer a gentileza de não atrapalhar, já será uma revolução.


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