O GLOBO - 08/06
Queremos todos os brasileiros empregados. Precisamos assegurar empregos para aquela parte da população "que é a mais frágil" explicava a presidente Dilma Rousseff quando, ainda em seu primeiro mandato, examinava a desoneração das folhas de pagamentos das empresas por meio da redução de encargos sociais e trabalhistas que incidem sobre o custo da mão de obra. Esses encargos são armas de destruição em massa das oportunidades de emprego no Brasil. Sua redução protegeria milhões de empregos formais na economia, com custos mais baixos para as empresas e melhores salários para os trabalhadores. A guerra mundial por empregos, a nossa gradual desindustrialização pela perda de competitividade e por excesso de impostos, bem como nossa rápida desaceleração econômica, explicavam a tentativa de proteger a criação de empregos por meio da redução dos encargos.
Agora, a necessidade de implementar o ajuste fiscal leva o governo à tentativa de aprovar na Câmara de Deputados a reoneração das folhas de pagamento. É devastador o impacto dos encargos sociais e trabalhistas sobre a geração de empregos formais na economia brasileira. O excesso de impostos que incidem diretamente sobre o uso da mão de obra tornou-se um mecanismo sistêmico de exclusão social, dando origem a um gigantesco mercado de trabalho informal, com dezenas de milhões de trabalhadores que, por sua vez, não contribuem para a previdência social. O atual sistema funciona como se tivéssemos de condenar ao desemprego por toda a sua vida um trabalhador brasileiro para que outro possa desfrutar um emprego formal e usufruir os benefícios previdenciários.
A cumplicidade dos economistas com a reoneração das folhas, essa injeção de desemprego na veia, é inaceitável, pois o silêncio dos especialistas permite a perpetuação de uma enorme injustiça: são exatamente os mais frágeis, os menos preparados, que se tornam vítimas das demissões. Um cínico explicaria a insensibilidade dos economistas por sua remuneração sob forma de dividendos ou pagamentos a suas pessoas jurídicas. Um político diria que é mais fácil aumentar impostos sobre os mais fracos do que cortar gastos públicos. Um economista de boa estirpe indicaria a mãe de todos estes males: é por ignorância que não ousamos as reformas.
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