Folha de S.Paulo - 08/06
Dilma, todos sabem, sempre teve uma relação para lá de conflituosa com o seu atual partido, o PT. Só que os dois, hoje, dependem mais do que nunca um do outro para sobreviver à crise atual.
É o que a cúpula do PT, depois de ensaiar torpedear a presidente, com ajuda até do seu criador, Lula, busca convencer petistas às vésperas de mais um Congresso da sigla, que acontece nesta semana na Bahia.
O PT, hoje, não se enxerga no governo Dilma. Algumas alas do partido resistem ao pedido de trégua articulado nos bastidores. Querem bater pesado no rumo adotado no segundo mandato. Para eles, isto sim é que vai causar a ruína do partido.
Engraçado que, no fundo, o que a turma do PT anda fazendo é algo como cuspir no próprio prato que andou comendo e que, sem ele, estaria hoje fora do Palácio do Planalto.
Não fossem a gastança desenfreada do final do primeiro mandato, as tentativas artificiais de segurar a inflação e a concessão generosa de benefícios trabalhistas numa fase de quase pleno emprego, dificilmente Dilma teria sido reeleita.
Só que, agora, é hora de lavar o prato sujo deixado em cima da pia depois da reeleição. Não dá para ignorá-lo. Sua sujeira entupiu os canos da economia. A conta está aí, inflação alta, juros nas alturas, desemprego elevado, país estagnado.
Enquanto a faxina está em curso, Dilma vai tentar reduzir a chiadeira de sua turma dando uma lustrada na casa para torná-la mais atraente. Vai lançar seu novo programa de concessões nesta terça-feira (9).
Aí, as queixas são do setor privado, desconfiado do que será divulgado. Falta crédito, e o empresariado quer saber se a Dilma intervencionista ficará de fora desta vez.
Enfim, a vida da presidente petista não está nada fácil. A economia deve parar de piorar só no segundo semestre. Até lá, o fogo amigo tende a aumentar. Mas não há outra saída a não ser, primeiro, arrumar a bagunça deixada pelo próprio PT.
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