Investigadores fazem sua parte no caso da Petrobras, mas governo, estatal e Congresso mantêm inércia próxima da conivência
As atitudes da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e dos magistrados que supervisionam as investigações sobre desvios bilionários na Petrobras sugerem que o país está à beira de conhecer o cerne da corrupção política.
É o que se depreende da ação feita para prender 25 pessoas, entre as quais presidentes das maiores empresas do Brasil, e levar outras nove a prestar depoimentos de forma compulsória em delegacias.
Depreende-se, pois as provas conhecidas são ainda escassas, não há acusação formal nem processo instaurado, que dirá condenações.
Mesmo assim, dadas as evidências publicadas e algumas confissões substanciosas, há esperança de que se aproxime um momento decisivo de desmonte de um sistema central de pilhagem envolvendo partidos e governo, além de grandes empresas que defraudam estatais por meio de conluios.
Causa desalento, por outro lado, a atitude do governo, da própria Petrobras, do Congresso e da chamada base aliada. Passaram-se oito meses desde que começou a Operação Lava Jato. A presidente Dilma Rousseff (PT) limitou-se a ressaltar que não foi empecilho às investigações. Nem poderia sê-lo, pois cometeria crime.
Duas CPIs de quase nada serviram, enquanto a direção da Petrobras só no mês passado contratou escritórios de advocacia a fim de auxiliar as apurações.
No mais, pouco se sabe do que a direção da estatal fez para elucidar crimes cometidos sob seu teto, ou como foi possível que tais fraudes passassem despercebidas por tantos anos. A cúpula da maior empresa do Brasil é inepta ou cúmplice.
Como se não bastasse, um dia antes da deflagração da sétima fase da Lava Jato, a estatal foi submetida à humilhação de ver recusadas as suas demonstrações financeiras, pois o auditor desconfia que tais documentos possam estar criminosamente errados.
Pelo que já se sabe, figuras de proa dos partidos governistas não se pejaram de saquear a Petrobras mesmo quando seus próceres eram condenados no processo do mensalão. Ao que tudo indica, comportaram-se como bandidos de rua, que mudam seus pontos de tráfico quando são acossados pela polícia em sua base de operações.
Os dirigentes partidários em tese inocentes jamais se deram ao trabalho de expurgar os chefes do tráfico de influência e dinheiro destinado a bancar ilegalmente campanhas e adquirir apoio político. No mínimo, permitiram que suas siglas permanecessem casas de tolerância da corrupção.
Governo, Petrobras, Congresso e líderes políticos ainda demonstram uma inércia próxima da conivência. Isso precisa acabar.
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