FOLHA DE SP - 18/08
RECIFE - Obra do destino, que construímos em dimensões visíveis e invisíveis, a morte de Eduardo Campos põe nas mãos de Marina Silva a chance de ouro de conquistar o posto que seu companheiro considerava projeto pronto a ser realizado.
Projeto que Marina viu escapar de suas mãos até pouco tempo atrás e que, agora, vê o destino, de forma sofrida, lhe devolver. Não da forma como desejaria, mas que passa a ser real na avaliação tanto de aliados como até de seus adversários.
Enquanto seu companheiro de chapa era velado neste domingo, Marina era o tema de conversas reservadas nos jardins interiores do Palácio Campo das Princesas, sede do governo pernambucano.
Ao contrário de Eduardo, que tinha projeto viável de governo, Marina é sonhática, vista como inconsistente. Mas, se somar os dois lados, sobe várias casas no tabuleiro eleitoral e pode chegar ao segundo turno, que garante estando na disputa.
Este é o receio de petistas e tucanos, que preferem apostar em seu lado mais frágil, o fundamentalista, para minar o potencial de votos que conquistará com a comoção nacional gerada pela morte de Eduardo.
Marina, fiel a seu estilo, manteve-se distante destes debates e próxima da família. Teve o nome gritado por populares. Sai daqui com o aval de Renata Campos, figura forte revelada ao país nestes últimos dias desde a morte de seu marido.
Apesar da tragédia, surpreendia a todos com sua serenidade. Em rápida conversa, revelou de onde vem tanta força. Olhos para o alto, mirando um ponto indefinido no céu, assim traduziu seu sentimento de perda. "Vai dar uma saudade danada, mas foi uma vida bem vivida."
Frase-síntese de quem começou a namorar com Dudu Campos aos 13 anos, com quem teve cinco filhos ao longo de vinte anos de casamento. Uma história de amor que o país conheceu no seu final. Uma família que daria, com certeza, vida especial ao Palácio da Alvorada.
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