CORREIO BRAZILIENSE - 13/07
Sem saber ao certo o que fazer para evitar que se confirmem as previsões de mais um ano de baixo crescimento - as últimas projeções do mercado são de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça menos de 1% em 2014 -, o governo Dilma Rousseff prepara mais uma medida tópica. E novamente demonstra sensibilidade para com os setores que conseguem pressionar com eficácia, ainda que os benefícios a serem concedidos apontem para alvos distantes das verdadeiras causas do problema.
A produção da indústria automotiva despencou 17,4% nos sete primeiros meses deste ano em relação a janeiro/julho de 2013. Somente em julho, a queda foi de 20,5% e várias montadoras estão demitindo ou apelando para férias coletivas e dispensas temporárias de pessoal. Pior: o principal mercado importador de nossos carros, a Argentina, está em crise.
À falta de uma política horizontal de estímulos à atividade econômica, esse argumento das montadoras é o que mais tem abalado os alicerces do Planalto. Por isso, a equipe econômica está há semanas envolvida em novo pacote de ajuda ao setor. O problema é que o governo já gastou demais durante o ano, além de ter ido longe na renúncia fiscal, inclusive para incentivar a realização do sonho do carro na garagem das classes C e D.
Resta então incentivar mais uma vez o crédito. Também aí há um problema: os bancos estão arredios. Por mais que isso irrite o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não se trata de má vontade ou de conspiração. É que motivos não faltam às instituições bancárias. Elas já perceberam que a farra da expansão do crédito acabou.
Por ser um dos principais motores da economia, a expansão do crédito é positiva. Mas, como ocorre com os remédios eficazes, tudo depende da dose. De 2003 a 2013, o crédito do setor financeiro para as famílias e as empresas dobrou, passando de 24% para 56% do PIB. Para a realidade de um país ainda pobre, essa dose foi excessiva e resultou em perigosa elevação do endividamento das famílias como proporção do orçamento que, segundo dados do Banco Central, pulou de 18,3% para 46%, entre janeiro de 2005 e março de 2014.
Duas consequências disso eram (ou deveriam ser) previsíveis. A primeira foi o comprometimento da renda das pessoas para o pagamento dessas dívidas (subiu de 15,6% para 21,4% do orçamento familiar nesse período). A segunda é pior ainda: a inadimplência vem crescendo no país e, ontem, a Serasa Experian, empresa especializada em análise de crédito ao consumidor, revelou que o calote subiu 11% em julho na comparação com o mesmo mês de 2013.
O governo está até mesmo estudando uma forma de facilitar a tomada pelos bancos do bem financiado que o consumidor não conseguiu pagar. O Planalto insiste em fazer de tudo pelo consumo. É mais um remendo na equivocada condução da política econômica, que se esgotou e está levando o país à recessão. Sobra a constatação de que é preciso trocar o intervencionismo improvisado pelo estímulo consistente ao investimento e ao aumento da produtividade.
A produção da indústria automotiva despencou 17,4% nos sete primeiros meses deste ano em relação a janeiro/julho de 2013. Somente em julho, a queda foi de 20,5% e várias montadoras estão demitindo ou apelando para férias coletivas e dispensas temporárias de pessoal. Pior: o principal mercado importador de nossos carros, a Argentina, está em crise.
À falta de uma política horizontal de estímulos à atividade econômica, esse argumento das montadoras é o que mais tem abalado os alicerces do Planalto. Por isso, a equipe econômica está há semanas envolvida em novo pacote de ajuda ao setor. O problema é que o governo já gastou demais durante o ano, além de ter ido longe na renúncia fiscal, inclusive para incentivar a realização do sonho do carro na garagem das classes C e D.
Resta então incentivar mais uma vez o crédito. Também aí há um problema: os bancos estão arredios. Por mais que isso irrite o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não se trata de má vontade ou de conspiração. É que motivos não faltam às instituições bancárias. Elas já perceberam que a farra da expansão do crédito acabou.
Por ser um dos principais motores da economia, a expansão do crédito é positiva. Mas, como ocorre com os remédios eficazes, tudo depende da dose. De 2003 a 2013, o crédito do setor financeiro para as famílias e as empresas dobrou, passando de 24% para 56% do PIB. Para a realidade de um país ainda pobre, essa dose foi excessiva e resultou em perigosa elevação do endividamento das famílias como proporção do orçamento que, segundo dados do Banco Central, pulou de 18,3% para 46%, entre janeiro de 2005 e março de 2014.
Duas consequências disso eram (ou deveriam ser) previsíveis. A primeira foi o comprometimento da renda das pessoas para o pagamento dessas dívidas (subiu de 15,6% para 21,4% do orçamento familiar nesse período). A segunda é pior ainda: a inadimplência vem crescendo no país e, ontem, a Serasa Experian, empresa especializada em análise de crédito ao consumidor, revelou que o calote subiu 11% em julho na comparação com o mesmo mês de 2013.
O governo está até mesmo estudando uma forma de facilitar a tomada pelos bancos do bem financiado que o consumidor não conseguiu pagar. O Planalto insiste em fazer de tudo pelo consumo. É mais um remendo na equivocada condução da política econômica, que se esgotou e está levando o país à recessão. Sobra a constatação de que é preciso trocar o intervencionismo improvisado pelo estímulo consistente ao investimento e ao aumento da produtividade.
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