FOLHA DE SP - 10/08
A melhor definição do papel do líder e do político é a de que o político fala o que o povo quer ouvir, enquanto o líder fala o que o povo deve ouvir. O equilíbrio entre as duas posturas define o sucesso dos grandes lideres políticos.
A história mostra que líderes que se distanciam excessivamente do que o povo está preparado a ouvir em determinado momento terminam derrotados ou até destruídos politicamente.
Por outro lado, o político que só diz o que o povo quer ouvir pode até ter sucesso e sobrevida política, mas será de pouca utilidade à população e ao seu país, podendo até prejudicá-los.
O Reino Unido é um exemplo interessante. O governo de David Cameron efetuou uma política dura para reformar a economia e torná-la mais competitiva. Controlou as despesas públicas de um Estado perdulário e liberou recursos no setor privado para consumo e investimento. Teve grande sucesso, e a economia britânica é a que mais cresce na Europa. Mas ele enfrentará eleição difícil em 2015 contra adversários que prometem maior distribuição de recursos públicos.
Em vários países da Europa, e mais ainda nos países da América Latina, há exemplos de políticos que conseguem manter o poder com desempenho econômico medíocre e endividamento crescente do Estado. Sobrevivem a essas más políticas distribuindo recursos públicos e promovendo políticas populistas que agradam aos beneficiados, mas prejudicam o país.
Sábio é o povo capaz de discernir e premiar os que tomam decisões e praticam gestão que podem não trazer resultados imediatos, mas certamente aumentam o bem-estar da população em prazo maior. E o longo prazo demora, mas chega.
O desafio que se coloca aos políticos que disputam as eleições no Brasil é achar o equilíbrio certo entre as propostas econômicas que, se cumpridas, façam o país voltar a crescer e a flexibilidade para equilibrar essas medidas com mensagens aceitáveis aos que preferem benefícios mais imediatos, mantendo sempre a responsabilidade fiscal.
Tivemos exemplos bem-sucedidos no Brasil na década passada, quando o país controlou a inflação, diminuiu a dívida pública (até a eclosão da crise), cresceu com vigor (elevando a arrecadação, o que permitiu expandir programas sociais) e gerou milhões de empregos (melhorando a distribuição de renda). Tudo isso garantiu índices de aprovação expressivos ao governo.
Será interessante observar e analisar o debate eleitoral e, mais interessante ainda, as ações dos que resultarem vitoriosos. Os resultados das políticas econômicas aplicadas nos próximos anos serão fundamentais para o bem-estar dos brasileiros.
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