O ESTADÃO - 17/07
O foco, agora, é na campanha eleitoral? Pelo menos é o que dizem os bem pensantes da imprensa e da política. E o que nos oferecem os candidatos do ponto de vista do desenvolvimento do Brasil, do esclarecimento da população e da melhoria da cidadania em geral?
Não sei se alguém já se deu ao trabalho de ouvir o que os candidatos andam dizendo e de anotar o que pareça fundamental para o destino da Nação. De minha parte, confesso que ainda não ouvi nem li nada que possa ser considerado relevante como estratégia de governo para o País.
Este jornal propôs aos três principais candidatos à Presidência que opinassem sobre 11 temas que, na opinião do jornal, seriam importantes, a saber: reforma política; redução da maioridade penal; legalização do aborto; descriminalização da maconha; fim da estabilidade no serviço público; reforma da Previdência; reajuste do mínimo pela inflação e PIB; fim da gratuidade da universidade pública; passe livre no transporte urbano; flexibilização da CLT; e privatização de estatais e bancos públicos.
São temas da hora, digamos, e importantes do ponto de vista eleitoral, mas a maioria não chega a tocar nos fundamentos do desenvolvimento econômico e social.
A candidata Dilma se pronunciou apenas sobre reforma política, dizendo que é "a favor de um plebiscito". Não opinou sobre os outros 10 temas. Os 2 outros responderam aos 11 temas, mas dizendo que são contra ou a favor e dando pequenas explicações. Aécio foi contra a maioria das teses e evasivo em pelo menos duas. Campos também foi contra a maioria delas e evasivo em duas.
Foi inútil a tentativa de obter algo que se possa chamar de programa e alguma ideia ou proposta sólida para temas como a reforma política, a da Previdência e a privatização de estatais e bancos públicos - que fazem parte do que se pode chamar de "fundamentos" do desenvolvimento e, talvez, da própria Nação.
Na prática, o que se tem visto e ouvido dos candidatos nas suas viagens pelo País dá a impressão de que são todos candidatos a prefeitos. A presidente se esmera na oferta de mais casas populares, mais creches, mais postos de saúde, mais estradas asfaltadas. Os outros também.
Tudo isso é de fato muito bom e importante, mas não gera a esperança num futuro firme e atraente para as famílias e as jovens gerações. O que se pode esperar do Brasil e para o Brasil?, indaga, por exemplo, o jovem que está chegando à universidade e quer fazer uma escolha de estudos e de profissão, para o seu próprio futuro pessoal.
O fundamental, no caso, é ter confiança numa economia em crescimento gerando mais e melhores empregos. Nesse terreno é bom que se pergunte aos candidatos - e que eles nos digam - que tipo de políticas têm em mente para assegurar uma economia vigorosa e tanto quanto possível livre de percalços nacionais e internacionais a todo momento, como tem sido a economia brasileira.
Quem nasceu em 1960 e tem hoje 54 anos - em plena idade produtiva, portanto - foi capaz de planejar e organizar a sua vida conforme suas aspirações? Garanto que não, pois nesse período a economia brasileira funcionou como uma gangorra ou como um veleiro sem rumo, sem saber de onde vinha o vento.
É preciso que isso seja retirado do horizonte dos brasileiros jovens, homens ou mulheres. Isso requer políticas públicas definidas, aceitáveis e confiáveis nas áreas da produtividade e competitividade, da inflação, do comércio exterior, do câmbio, do dispêndio público, dos investimentos públicos e privados, da logística, dos combustíveis, da produção agropecuária e, finalmente, mas não apenas, do relacionamento econômico e comercial com parceiros de todo o mundo. Um programa, enfim.
Os candidatos estão nos oferecendo isso? Um pouco de paciência, eles nos dirão. Aguardemos, pois.
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