CORREIO BRAZILIENSE - 17/07
O Brasil entrou na contramão do mundo em questão na qual já foi referência: a prevenção e o tratamento da Aids. Enquanto caem no planeta os números de infectados e de mortes relacionados ao HIV, o país assiste ao alastramento da doença e ao aumento dos índices de óbito. Mesmo num recorte latino-americano, o quadro nacional indica retrocesso. Sem dúvida, os dados divulgados ontem pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV e Aids (Unaids) sensibilizam e põem em xeque a atual condução das políticas públicas brasileiras para o setor. Melhor, portanto, revê-la o quanto antes.
Segundo o Unaids, as infecções por HIV no Brasil cresceram 11% entre 2005 e 2013, enquanto caíram 27,5% no mundo. Já as mortes tiveram queda de 3% na América Latina, mesmo percentual alcançado, por exemplo, pela Argentina, ao passo que aumentaram 7% no território nacional. No planeta, a redução dos óbitos na última década superou os 33%. Não há, pois, como negar a regressão brasileira. E a luz de alerta acesa pelo relatório exige resposta imediata. A apreensão é ainda maior quando se sabe que outra doença em que o país já se destacou pela eficiência no combate, a tuberculose, teve problemas recentes, com a falta de medicamentos.
Negligenciar o enfrentamento do HIV/Aids ou de outro mal qualquer é tratar com desdém a saúde e até a vida do cidadão. Quem viveu os anos 80 do século passado lembra-se bem do drama de pessoas definhando a olhos vistos, encurraladas pela morte. No Brasil, a reação do Estado veio forte. Campanhas de esclarecimento sobre a doença e contra o preconceito ganharam a mídia. A laicidade falou mais alto do que a Igreja, e camisinhas passaram a ser distribuídas fartamente, chegando inclusive aos jovens, dentro das escolas.
Na vanguarda mundial, a rede pública de saúde começou a facilitar o diagnóstico e a fornecer medicamentos gratuitos a todos que necessitassem. Logo, um coquetel de antirretrovirais revelou-se a terapia ideal. Mas os preços amargos cobrados por multinacionais ameaçavam inviabilizar o programa. Sem vacilar, o governo reagiu novamente, manifestando disposição para quebrar patentes, o que conteve a elevação dos custos.
Tamanha persistência revestiu a empreitada de êxito inconteste, logo reconhecido internacionalmente, a ponto de o país passar a exportar sua experiência. Mas novos problemas surgiram. De um lado, a sobrevida, com qualidade de vida bastante razoável, levou pessoas a relaxarem a prevenção, com o que também contribuiu o distanciamento no tempo da agonia vivida pela humanidade no auge das contaminações e mortes. De outro lado, algumas pessoas infectadas adquiriram resistência aos remédios.
Por óbvio, os desafios de cada dia precisam ser encarados cotidianamente, assim como os de sempre não podem jamais ser relaxados. O Brasil está, portanto, convocado a dar nova resposta à questão. E a principal arma continua a ser farta informação. O próprio Unaids revela no relatório divulgado ontem que dos 35 milhões de pessoas infectadas com HIV no planeta, 19 milhões nem sequer sabem que são soropositivas.
O risco de transmissão é tão maior quanto menor for o nível de consciência da humanidade. Nesse sentido, para além do Estado, a sociedade, em geral, e as famílias, em particular, têm papel importante a cumprir. Cabe a todos retomar o debate, tratar do tema abertamente, sem preconceitos, e cobrar das autoridades ação capaz de recolocar o país na posição de vanguarda.
Segundo o Unaids, as infecções por HIV no Brasil cresceram 11% entre 2005 e 2013, enquanto caíram 27,5% no mundo. Já as mortes tiveram queda de 3% na América Latina, mesmo percentual alcançado, por exemplo, pela Argentina, ao passo que aumentaram 7% no território nacional. No planeta, a redução dos óbitos na última década superou os 33%. Não há, pois, como negar a regressão brasileira. E a luz de alerta acesa pelo relatório exige resposta imediata. A apreensão é ainda maior quando se sabe que outra doença em que o país já se destacou pela eficiência no combate, a tuberculose, teve problemas recentes, com a falta de medicamentos.
Negligenciar o enfrentamento do HIV/Aids ou de outro mal qualquer é tratar com desdém a saúde e até a vida do cidadão. Quem viveu os anos 80 do século passado lembra-se bem do drama de pessoas definhando a olhos vistos, encurraladas pela morte. No Brasil, a reação do Estado veio forte. Campanhas de esclarecimento sobre a doença e contra o preconceito ganharam a mídia. A laicidade falou mais alto do que a Igreja, e camisinhas passaram a ser distribuídas fartamente, chegando inclusive aos jovens, dentro das escolas.
Na vanguarda mundial, a rede pública de saúde começou a facilitar o diagnóstico e a fornecer medicamentos gratuitos a todos que necessitassem. Logo, um coquetel de antirretrovirais revelou-se a terapia ideal. Mas os preços amargos cobrados por multinacionais ameaçavam inviabilizar o programa. Sem vacilar, o governo reagiu novamente, manifestando disposição para quebrar patentes, o que conteve a elevação dos custos.
Tamanha persistência revestiu a empreitada de êxito inconteste, logo reconhecido internacionalmente, a ponto de o país passar a exportar sua experiência. Mas novos problemas surgiram. De um lado, a sobrevida, com qualidade de vida bastante razoável, levou pessoas a relaxarem a prevenção, com o que também contribuiu o distanciamento no tempo da agonia vivida pela humanidade no auge das contaminações e mortes. De outro lado, algumas pessoas infectadas adquiriram resistência aos remédios.
Por óbvio, os desafios de cada dia precisam ser encarados cotidianamente, assim como os de sempre não podem jamais ser relaxados. O Brasil está, portanto, convocado a dar nova resposta à questão. E a principal arma continua a ser farta informação. O próprio Unaids revela no relatório divulgado ontem que dos 35 milhões de pessoas infectadas com HIV no planeta, 19 milhões nem sequer sabem que são soropositivas.
O risco de transmissão é tão maior quanto menor for o nível de consciência da humanidade. Nesse sentido, para além do Estado, a sociedade, em geral, e as famílias, em particular, têm papel importante a cumprir. Cabe a todos retomar o debate, tratar do tema abertamente, sem preconceitos, e cobrar das autoridades ação capaz de recolocar o país na posição de vanguarda.
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