FOLHA DE SP - 17/07
BRASÍLIA - Enquanto torcedores sul-americanos pediam socorro para conseguir retornar às suas casas depois da Copa, os presidentes de seus países desembarcaram em Brasília já de olho no Novo Banco de Desenvolvimento dos Brics.
O Brasil é a porta de entrada da região para essa promessa de paraíso e vieram praticamente todos, como Maduro (Venezuela), Evo (Bolívia) e Kirchner (Argentina), interessados no potencial de empréstimos do novo banco e do novo fundo dos Brics.
A motivação óbvia do banco e do fundo dos Brics, além de conferir algum grau de institucionalização ao grupo, é fugir do Banco Mundial e do FMI, organismos não apenas atrelados aos Estados Unidos, principalmente, e à União Europeia, acessoriamente, mas na prática comandados pelas duas potências.
O Brasil e a presidente Dilma Rousseff, portanto, surfam bem na onda da Copa, demonstram um esforço de socialização dos Brics e confirmam uma boa capacidade convocatória dos países da região. Evidentemente, lucram politicamente com isso. De quebra, a imagem de estadista explorada em todos os dias desta semana certamente será de boa valia na campanha de Dilma à reeleição.
Na última segunda (14), Putin (Rússia). Na terça (15), Cúpula dos Brics. Na quarta (16), Brics e presidentes da América do Sul. Nesta quinta (17), Xi Jinping (China). Nesta sexta (18), Durão Barroso (Comissão Europeia). Sem falar em América Central e Caribe no meio do caminho.
Algumas ressalvas, porém: o novo banco está apenas começando e vai levar uns bons anos até jorrar empréstimos, os Brics não são um grupo propriamente homogêneo e o Brasil nem chega perto de ser líder. Os Brics são países imensos, populosos e emergentes, mas giram em torno de um único eixo: a China.
Tal como os Brics alavancam a posição do Brasil na América do Sul, também constroem, tijolo a tijolo, a hegemonia da China no mundo.
E seja o que Deus quiser.
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