CORREIO BRAZILIENSE - 19/06
O real é, de fato, uma moeda de grandes feitos. Protagonista na política econômica que livrou o Brasil da hiperinflação, tornou-se espécie de símbolo da volta da previsibilidade ao país, o que permitiu ao brasileiro recuperar o direito de reconhecer o preço de bens e serviços e, em consequência, programar a vida. Aos 20 anos, está, até certo ponto, consolidado também para além das fronteiras nacionais. Seja nos Estados Unidos, seja na Europa, casas de câmbio operam a troca sem problema. Na Argentina, tem a mesma aceitação do dólar, para pagamentos em dinheiro.
Mas some-se a tudo isso o fato de o Brasil ser a sétima economia do planeta, acrescente-se o incrível crescimento da circulação do real mundo afora - de 2.057% a partir de 2008, passando de R$ 6,6 milhões para R$ 142,4 milhões - e ainda assim nossa moeda continua a ter papel para lá de secundário no mercado global. Em ranking do Banco de Compensações Internacionais (BIS), a divisa brasileira ocupa apenas a 19ª posição.
Os negócios com o real giram em torno de US$ 59 bilhões por dia, 1,1% do mercado mundial, de US$ 5,3 trilhões. Até o rand sul-africano, o won coreano e a lira turca ganham da moeda brasileira em volume de negócios. E note-se que, assim como o Brasil, a Turquia, para citar um exemplo, pertence ao mundo emergente, com gargalos estruturais, baixa produtividade e juros elevados. Aliás, esses dois países, a Índia, a Indonésia e a África do Sul são apontados por economistas como "os cinco frágeis".
Parece, pois, ser hora de novo Plano Real. Não mais para substituir uma moeda fraca e pôr fim a uma hiperinflação, como há duas décadas. Tampouco simplesmente para melhorar a conversibilidade do dinheiro brasileiro no plano internacional. Na verdade, isso seria consequência, não a razão da reforma necessária. O problema a resolver é aumentar o volume das exportações nacionais, que não chegam a 1,5% da pauta mundial. Tínhamos 1,13% em 2005, chegamos a 1,3% em 2012 - uma vergonha para uma nação que tem o sétimo maior PIB da face da Terra.
Basta de mais do mesmo. É preciso ousadia. Primeiro, urge cortar o cordão umbilical com o Mercosul. Enquanto olhamos apenas para nosso quintal, o mundo se abre a vizinhos que há tempos saíram da inércia e negociam mercados de livre-comércio. Parece até piada, mas as negociações em curso com a União Europeia se dão enquanto a relação bilateral fica vermelha do lado brasileiro, com registro de deficit de US$ 2,9 bilhões em 2013, o primeiro em 14 anos.
Segundo, o Brasil não pode seguir no bonde do atraso. É inconcebível que estejamos em queda livre no ranking internacional de competitividade, descendo ano após ano, já por quatro vezes consecutivas. Só em 2014, caímos mais três posições em relação a 2013, ocupando o 54º lugar entre 60 países. Essa não é só uma questão de mais uma vergonha nacional. Por trás de números que parecem distantes está a qualidade de vida dos brasileiros, que o real começou, mas não terminou de resgatar.
Mas some-se a tudo isso o fato de o Brasil ser a sétima economia do planeta, acrescente-se o incrível crescimento da circulação do real mundo afora - de 2.057% a partir de 2008, passando de R$ 6,6 milhões para R$ 142,4 milhões - e ainda assim nossa moeda continua a ter papel para lá de secundário no mercado global. Em ranking do Banco de Compensações Internacionais (BIS), a divisa brasileira ocupa apenas a 19ª posição.
Os negócios com o real giram em torno de US$ 59 bilhões por dia, 1,1% do mercado mundial, de US$ 5,3 trilhões. Até o rand sul-africano, o won coreano e a lira turca ganham da moeda brasileira em volume de negócios. E note-se que, assim como o Brasil, a Turquia, para citar um exemplo, pertence ao mundo emergente, com gargalos estruturais, baixa produtividade e juros elevados. Aliás, esses dois países, a Índia, a Indonésia e a África do Sul são apontados por economistas como "os cinco frágeis".
Parece, pois, ser hora de novo Plano Real. Não mais para substituir uma moeda fraca e pôr fim a uma hiperinflação, como há duas décadas. Tampouco simplesmente para melhorar a conversibilidade do dinheiro brasileiro no plano internacional. Na verdade, isso seria consequência, não a razão da reforma necessária. O problema a resolver é aumentar o volume das exportações nacionais, que não chegam a 1,5% da pauta mundial. Tínhamos 1,13% em 2005, chegamos a 1,3% em 2012 - uma vergonha para uma nação que tem o sétimo maior PIB da face da Terra.
Basta de mais do mesmo. É preciso ousadia. Primeiro, urge cortar o cordão umbilical com o Mercosul. Enquanto olhamos apenas para nosso quintal, o mundo se abre a vizinhos que há tempos saíram da inércia e negociam mercados de livre-comércio. Parece até piada, mas as negociações em curso com a União Europeia se dão enquanto a relação bilateral fica vermelha do lado brasileiro, com registro de deficit de US$ 2,9 bilhões em 2013, o primeiro em 14 anos.
Segundo, o Brasil não pode seguir no bonde do atraso. É inconcebível que estejamos em queda livre no ranking internacional de competitividade, descendo ano após ano, já por quatro vezes consecutivas. Só em 2014, caímos mais três posições em relação a 2013, ocupando o 54º lugar entre 60 países. Essa não é só uma questão de mais uma vergonha nacional. Por trás de números que parecem distantes está a qualidade de vida dos brasileiros, que o real começou, mas não terminou de resgatar.
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