O GLOBO - 13/06
A mais recente pesquisa do Ibope sobre a corrida presidencial tem números ruins para a presidente Dilma, mas nenhum igual ao que mostra que hoje, pela primeira vez, na avaliação de seu governo o índice de ruim e péssimo já é maior do que o de bom e ótimo, 33% a 31%, respectivamente.
A esse saldo negativo soma-se o fato de que a presidente permanece no menor índice de aprovação possível para a reeleição, na faixa que indica, segundo pesquisas de estudiosos, dificuldades para obter um novo mandato.
Outro dia, fiz referência a essa pesquisa do cientista político Alberto Carlos Almeida, do Instituto Análise, sobre a qual já escrevera anteriormente, e muitos leitores espantaram-se com o fato de a presidente Dilma estar em primeiro nas pesquisas eleitorais e, ao mesmo tempo, correr o risco de perder a eleição.
Conforme já escrevi aqui, a taxa de aprovação de seu governo está no limbo , na definição de Alberto Carlos Almeida. Ele tem um estudo que mostra que, em 46 de 104 eleições para governador realizadas entre 1994 e 2010 em que havia um candidato à reeleição, todos os que chegaram à eleição com o índice de ótimo e bom igual ou maior do que 46% foram reeleitos.
Ao contrário, os que disputaram a reeleição com a soma de ótimo e bom igual ou menor do que 34% foram derrotados.
Como, na ocasião, a presidente Dilma tinha 35% de ótimo e bom, segundo pesquisa do Ibope, estaria em situação delicada, à beira da reeleição ou da derrota, segundo a forma como os números se comportarem durante a campanha.
Hoje, a mais recente pesquisa do Ibope detectou que esse índice já caiu para 31%, e na pesquisa mais recente do Datafolha ele estava em 33%.
Nesse mesmo estudo, o cientista político Alberto Carlos Almeida mostra que 40% a 43% dos candidatos à reeleição nos governos dos estados que chegaram às urnas com índices de ótimo e bom entre 35% e 45% se reelegeram, o que demonstra que a derrota é mais provável nessa faixa de avaliação, embora não uma certeza.
Uma ressalva importante que Alberto Carlos Almeida faz é que é possível melhorar a avaliação no decorrer da campanha. Dilma terá três vezes mais tempo de propaganda eleitoral que o tucano Aécio Neves e sete vezes mais que Eduardo Campos, do PSB.
O fato negativo para a presidente é que quanto mais ações ela faz para reequilibrar sua candidatura, mais ela cai nas pesquisas eleitorais, o que pode indicar que, como disse o candidato oposicionista Aécio Neves, não há marqueteiro no mundo que consiga reeleger a presidente Dilma.
Evidentemente, esta é uma linguagem de campanha eleitoral, e ainda é muito cedo para decretar a derrota da incumbente.
Ao contrário, ela continua à frente das pesquisas, e há algumas até, como a do Vox Populi, que mantém a aposta em uma vitória no primeiro turno.
Esse instituto, que faz pesquisas para a revista situacionista Carta Capital , é o preferido dos petistas, que desconfiam dos números do Datafolha e do Ibope.
Os dois institutos, no entanto, têm um histórico de acertos melhor do que o do instituto do sociólogo Marcos Coimbra, que ficou famoso quando dirigiu a campanha vitoriosa de Collor, seu primo, à Presidência.
Um outro detalhe da pesquisa do Ibope que merece ser acompanhado de perto nas próximas é que a presidente Dilma começa a perder fôlego nas capitais nordestinas, região em que mantém ampla margem de vantagem para seus adversários.
Se for uma tendência sustentável, é provável que essa perda de substância se alastre pelo interior, o que pode ser uma ameaça à posição de Dilma, que deve sua eleição em 2010 substancialmente à votação que teve no Norte e no Nordeste.
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