FOLHA DE SP - 13/06
Novo documento do Banco Mundial revisa para baixo previsão de crescimento do PIB da maioria dos países e regiões, inclusive do Brasil
Há duas mensagens no relatório de perspectivas econômicas globais do Banco Mundial, divulgado nesta semana. Uma, pessimista, sugere um 2014 fraco, com crescimento inferior ao que se imaginava em janeiro. A outra, otimista, indica maior dinamismo nos próximos anos, com países ricos superando os efeitos da crise de 2008.
De acordo com a nova projeção do Banco Mundial, o PIB global avançará 2,8% neste ano, uma queda de 0,4 ponto percentual em relação ao prognóstico anterior. A piora no resultado abarca a maioria dos países e regiões.
No caso das nações desenvolvidas, a retração concentrou-se sobretudo nos EUA, cuja economia caiu 1% no primeiro trimestre. Atribui-se o evento ao inverno severo --que atinge atividades como construção e comércio--, mas a perspectiva é de retomada.
Na Europa, os principais problemas são a escassez de crédito e o peso das dívidas nos países mais atingidos pela crise. Mas o Banco Central Europeu tem adotado medidas que ajudam a revigorar o bloco.
Há fundamento, assim, para a expectativa do Banco Mundial de que a economia global alcance índices mais elevados de crescimento em 2015 e 2016, de 3,4% e 3,5%, respectivamente. A aceleração, nesse quadro, se deverá principalmente aos países desenvolvidos.
Do Brasil mais uma vez se espera desempenho abaixo da média. O banco reduziu a projeção de 2,4% para 1,5% neste ano, índice que, na América do Sul, supera apenas os de Argentina e Venezuela.
São conhecidos os entraves a serem enfrentados por aqui. A competitividade baixa e os gargalos de infraestrutura, por exemplo, justificam a previsão de que as exportações subirão 0,5% no ano, muito aquém do restante da região.
Restrições de crédito, carga tributária alta e insuficiência de mão de obra qualificada são outros limitantes estruturais. Ainda assim, o Banco Mundial projeta alta do PIB de 2,7% em 2015, um cenário otimista quando comparado às expectativas de analistas brasileiros, em torno de 1,8%. Não se pode, portanto, acusar a instituição de não dar um voto de confiança ao país.
É um alento que o Banco Mundial pelo menos não enxergue grandes riscos globais no curto prazo. A volta dos temores quanto à sobrevivência da moeda única europeia ou crises bancárias nos países ricos, por exemplo, parecem descartadas por ora. Os desafios existentes dizem respeito a acelerar a retomada econômica.
Os emergentes, contudo, não estão livres de uma temida dificuldade: o risco de menor fluxo de dinheiro quando os juros subirem nos países ricos.
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