FOLHA DE SP - 06/05
Governador Geraldo Alckmin descarta rodízio de água neste ano, mas segurança hídrica da Grande São Paulo não está de todo garantida
Após a abertura da Parada do Orgulho Gay de São Paulo, anteontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) deixou de lado a hesitação das últimas semanas e afirmou de modo categórico que não haverá racionamento de água na capital paulista ao longo de 2014.
Não deixa de ser uma declaração tranquilizadora, sobretudo no momento em que o volume armazenado do sistema Cantareira, cadente há meses, atinge meros 10% de sua capacidade útil.
Os dados e as ponderações do governo tucano, porém, ainda precisam passar pelo crivo de especialistas para se tornarem irrefutáveis. Diversos técnicos vinham considerando inevitável haver restrições na distribuição de água, e a ausência de explicações claras nos últimos meses gerou compreensível desconfiança na população.
Partiram do secretário de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, os números por trás do argumento. Três providências principais seriam responsáveis por afastar a perspectiva de racionamento --medida que, de resto, oferece riscos a uma rede antiquada, devido às repetidas variações de pressão.
As duas primeiras ações serviram para conter a utilização de água do Cantareira, que atendia quase 9 milhões de pessoas com uma vazão de 31,77 metros cúbicos por segundo (m³/s) em fevereiro.
O bônus de 30% para quem reduziu o consumo em 20% permitiu cortar em 1,64 m³/s a demanda (em breve deverá vir uma sobretaxa equivalente para quem aumentar o consumo). Além disso, 1,6 milhão de clientes foram remanejados para os sistemas Alto Tietê e Guarapiranga. A retirada de água caiu para 25,3 m³/s em abril.
A terceira providência deve gerar resultado em questão de semanas: o uso do chamado volume morto da represa --ou seja, água que hoje está abaixo do nível de captação.
Com os equipamentos instalados, o nível das represas passaria dos atuais 10% para 28,5%, na primeira etapa (e ganharia outros 21,5 pontos percentuais num segundo momento). Seria o suficiente para garantir o abastecimento até fevereiro de 2015, bem além do reinício das chuvas, em setembro.
O governo de Geraldo Alckmin relaciona ainda investimentos, realizados e contratados, que elevariam em 16,1 m³/s a produção de água tratada para a Grande São Paulo. Um deles, no sistema São Lourenço, exigirá buscar água a 83 km da capital.
A estiagem inusitada mostrou a parte da população paulista que é considerável a insegurança hídrica em que vive. Pressionado, o governo do Estado explicou-se sobre o que faz (ou deixa de fazer) para enfrentar a situação. Baixar a guarda e descuidar da vigilância, de ora em diante, implica aceitar o risco de que a crise se repita.
Não deixa de ser uma declaração tranquilizadora, sobretudo no momento em que o volume armazenado do sistema Cantareira, cadente há meses, atinge meros 10% de sua capacidade útil.
Os dados e as ponderações do governo tucano, porém, ainda precisam passar pelo crivo de especialistas para se tornarem irrefutáveis. Diversos técnicos vinham considerando inevitável haver restrições na distribuição de água, e a ausência de explicações claras nos últimos meses gerou compreensível desconfiança na população.
Partiram do secretário de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, os números por trás do argumento. Três providências principais seriam responsáveis por afastar a perspectiva de racionamento --medida que, de resto, oferece riscos a uma rede antiquada, devido às repetidas variações de pressão.
As duas primeiras ações serviram para conter a utilização de água do Cantareira, que atendia quase 9 milhões de pessoas com uma vazão de 31,77 metros cúbicos por segundo (m³/s) em fevereiro.
O bônus de 30% para quem reduziu o consumo em 20% permitiu cortar em 1,64 m³/s a demanda (em breve deverá vir uma sobretaxa equivalente para quem aumentar o consumo). Além disso, 1,6 milhão de clientes foram remanejados para os sistemas Alto Tietê e Guarapiranga. A retirada de água caiu para 25,3 m³/s em abril.
A terceira providência deve gerar resultado em questão de semanas: o uso do chamado volume morto da represa --ou seja, água que hoje está abaixo do nível de captação.
Com os equipamentos instalados, o nível das represas passaria dos atuais 10% para 28,5%, na primeira etapa (e ganharia outros 21,5 pontos percentuais num segundo momento). Seria o suficiente para garantir o abastecimento até fevereiro de 2015, bem além do reinício das chuvas, em setembro.
O governo de Geraldo Alckmin relaciona ainda investimentos, realizados e contratados, que elevariam em 16,1 m³/s a produção de água tratada para a Grande São Paulo. Um deles, no sistema São Lourenço, exigirá buscar água a 83 km da capital.
A estiagem inusitada mostrou a parte da população paulista que é considerável a insegurança hídrica em que vive. Pressionado, o governo do Estado explicou-se sobre o que faz (ou deixa de fazer) para enfrentar a situação. Baixar a guarda e descuidar da vigilância, de ora em diante, implica aceitar o risco de que a crise se repita.
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