FOLHA DE SP - 15/03
RIO DE JANEIRO - Um estudante inglês, Jamie Edwards, de 13 anos, construiu um reator nuclear --em casa, nas horas vagas, com um dinheiro que sua avó lhe deu no Natal. Há dias, na escola, ele apresentou o invento: fez dois átomos de hidrogênio se chocarem e provocou uma fusão nuclear, ou algo assim.
A ciência favorece a que certos garotos descubram ou inventem coisas espetaculares. Steve Jobs e Bill Gates, como se sabe, tinham menos de 20 anos quando pensaram no computador pessoal, na internet e em outras ferramentas que iriam mudar o mundo. E quem inventou o Google, o Facebook, o Twitter? Vários meninos também impúberes. Não por acaso, todos ficaram bilionários.
Na área da criação artística, isso é mais raro de acontecer. Supõe-se que, para fazer grande poesia, literatura ou música, exijam-se alguma idade, maturidade e experiência --pense em Dante, Stendhal, Beethoven. Claro, há exceções. Mozart, aos cinco anos, já podia dar aulas de piano a seu professor. Mary Shelley escreveu "Frankenstein" aos 19. E Rimbaud, antes dos 20, dissera tudo que tinha a dizer. Não por acaso, nenhum deles ficou bilionário.
E houve Orson Welles. Aos 25 anos, em 1941, ele revolucionou o cinema com "Cidadão Kane". Mas, antes disso, aos 22, já fora capa da "Time" por seu "Júlio César" de terno e gravata na Broadway. E, aos 23, aterrorizara os EUA com sua versão de "A Guerra dos Mundos" no rádio. Mesmo assim, um amigo da família comentou: "Quem conheceu Orson aos cinco anos sabe que ele é um fiasco aos 25".
O contrário também acontece. Meu tio-avô Benicio, um homem do século 19, levou seus mais de 80 anos de vida tentando construir o moto contínuo. E, a exemplo de milhares antes dele, fracassou. Dizem que o moto contínuo é uma impossibilidade. Mas isso porque, até hoje, nenhum menino de 11 anos resolveu construir um.
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