FOLHA DE SP - 04/03
BRASÍLIA - Depois de mais de 30 horas de viagem por três países desde a Austrália, a chegada ao aeroporto de Guarulhos é um choque.
O avião entra na fila para descer, pousa e não tem para onde ir, depois a escada demora. Centenas de passageiros, doidos para chegar, ficam 40 minutos trancados já em terra.
A fila dos que têm conexão e precisam entregar a mala já etiquetada é grande e, como é grande, as pessoas vão perdendo seus voos para casa, os funcionários passam a cuidar delas e apenas um fica por conta dos que ainda têm chance de embarcar --que, em consequência, também acabam se atrasando. Um círculo vicioso.
Aí, vem a hora do embarque. Socorro! Quero minha mãe. Você desce a escada rolante para os três portões de número um, que ficam concentrados no mesmo espaço e servem para vários voos. Velhos, grávidas, crianças, todo mundo se acotovelando como num baile de carnaval popular. O banheiro é constrangedor, as cadeiras são poucas e há várias rasgadas.
O voo, claro, atrasa duas horas. Já passa da meia-noite, funcionários e passageiros caindo pelas tabelas, ninguém respeita fila nenhuma e vai se enfiando como pode nos ônibus e depois no avião. Bem, agora vai! Não, não vai.
O piloto anuncia um "problema técnico" na porta principal. Penso: "Se a porta, que está à vista de todos, está assim, imagine-se o resto". Mas vem o mecânico, troca uma peça e lá vamos nós. Sorte de quem sabe rezar.
Tudo isso, além de desabafo, é para questionar a frase do tucano Aécio Neves, de que a infraestrutura da Copa "está um fracasso". Para o governo e para a candidatura de Dilma Rousseff, é ótimo que esteja tudo péssimo e melhor ainda que os adversários apontem o dedo.
Por quê? Porque, quando os aeroportos ficarem prontos, vai ser um alívio geral. Pior do que está não fica e qualquer coisa que melhore já troca "fracasso" por "sucesso".
É curioso, mas o governo, agora, torce para o quanto pior, melhor.
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