FOLHA DE SP - 17/03
Mudança de padrão no desenvolvimento chinês colabora para tornar mais incerto ambiente já nublado da economia brasileira
Em meio à lista crescente de ameaças à economia brasileira, têm passado em certa medida despercebidos os problemas da transição chinesa. A mudança de seu padrão de desenvolvimento colabora para tornar mais incerto o ambiente já nublado em que se movem os países ditos emergentes --o Brasil entre eles.
Os sintomas evidenciam-se, por exemplo, nos mercados financeiros mundiais, afetando as Bolsas e as taxas de juros americanos nas últimas semanas, prejudicadas ainda pelo desenrolar da crise ucraniana.
De interesse mais direto para as economias emergentes, preços de minérios como o ferro e o cobre sofreram quedas fortes. O motivo imediato desses abalos foi a divulgação do desempenho econômico da China no primeiro bimestre, o pior em uma década.
Alguma desaceleração era esperada. É este o projeto do atual governo chinês. Seu objetivo é conter o excesso de endividamento, a concessão demasiada de empréstimos para novos negócios, com o propósito de evitar o superinvestimento. A expansão exagerada da capacidade produtiva redunda em empreendimentos ociosos, portanto inviáveis, o que eleva o risco de inadimplência em série.
Além de limitar o crédito, as autoridades chinesas tencionam disseminar a disciplina de mercado pela economia. Trata-se de gradualmente dar cabo da ideia de que empresas em dificuldade serão salvas pelo Estado.
Assim, pretende-se limitar a tomada de risco e crédito irresponsável, bolhas de investimento e colapsos financeiros, uma grande ameaça de médio prazo ao desenvolvimento do país.
O início da transição tem, contudo, causado temores de que o governo seja incapaz de controlar os efeitos secundários das primeiras quebras de empresas e calotes. Incertezas a respeito do comedimento dessa fase tornam mais provável a hipótese de desaceleração econômica além da conta.
A mera queda do preço de commodities que o Brasil exporta não é ameaça grave, embora lamentável. O risco maior é que abalos sobre emergentes mais ameaçados por tais perdas, muitos deles na América Latina, possam turvar ainda mais um ambiente já desfavorável.
Trata-se de um início de ano difícil. Além dos problemas causados pela má administração econômica do último triênio, o Brasil tem de enfrentar o temor de racionamentos de água e eletricidade, um repique inesperado da inflação de alimentos, a tensão na Ucrânia, os efeitos da mudança na economia americana e, agora, mais intensos, da transição chinesa.
Os sintomas evidenciam-se, por exemplo, nos mercados financeiros mundiais, afetando as Bolsas e as taxas de juros americanos nas últimas semanas, prejudicadas ainda pelo desenrolar da crise ucraniana.
De interesse mais direto para as economias emergentes, preços de minérios como o ferro e o cobre sofreram quedas fortes. O motivo imediato desses abalos foi a divulgação do desempenho econômico da China no primeiro bimestre, o pior em uma década.
Alguma desaceleração era esperada. É este o projeto do atual governo chinês. Seu objetivo é conter o excesso de endividamento, a concessão demasiada de empréstimos para novos negócios, com o propósito de evitar o superinvestimento. A expansão exagerada da capacidade produtiva redunda em empreendimentos ociosos, portanto inviáveis, o que eleva o risco de inadimplência em série.
Além de limitar o crédito, as autoridades chinesas tencionam disseminar a disciplina de mercado pela economia. Trata-se de gradualmente dar cabo da ideia de que empresas em dificuldade serão salvas pelo Estado.
Assim, pretende-se limitar a tomada de risco e crédito irresponsável, bolhas de investimento e colapsos financeiros, uma grande ameaça de médio prazo ao desenvolvimento do país.
O início da transição tem, contudo, causado temores de que o governo seja incapaz de controlar os efeitos secundários das primeiras quebras de empresas e calotes. Incertezas a respeito do comedimento dessa fase tornam mais provável a hipótese de desaceleração econômica além da conta.
A mera queda do preço de commodities que o Brasil exporta não é ameaça grave, embora lamentável. O risco maior é que abalos sobre emergentes mais ameaçados por tais perdas, muitos deles na América Latina, possam turvar ainda mais um ambiente já desfavorável.
Trata-se de um início de ano difícil. Além dos problemas causados pela má administração econômica do último triênio, o Brasil tem de enfrentar o temor de racionamentos de água e eletricidade, um repique inesperado da inflação de alimentos, a tensão na Ucrânia, os efeitos da mudança na economia americana e, agora, mais intensos, da transição chinesa.
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