FOLHA DE SP - 11/02
Não há hipótese de 'apagão', mas houve um 'azarão' geral no início do ano, diz gente do governo
HÁ PESSOAS na cúpula do governo preocupadas com o que uma delas chamou de "azarão" deste começo de ano, uma rima toante com "apagão", hipótese "tecnicamente descartada mesmo num cenário apocalíptico de seca", diz uma dessas pessoas.
O que é o "azarão"? "Eventualidades que estão fora do alcance ou da responsabilidade do governo estão acontecendo da maneira mais negativa", diz um integrante do governo.
Houve um tumulto "muito maior do que o esperado no mercado financeiro internacional". A falta de chuvas e o blecaute causaram alarme na população, um "certo receio de apagão", que "começa a ser politizado".
Além do mais, prossegue esse habitante do Planalto, protestos de rua "minoritários" no Rio e em São Paulo recriaram um "clima artificial de conturbação". Esse integrante do governo lamenta inclusive a falta d'água em cidades de São Paulo, o que causa "muito desconforto" e pode ser atribuída ao governo federal, que "praticamente nada tem a ver com isso, embora se preocupe com a situação e esteja discutindo o caso com o governo paulista".
Há gente no governo muito preocupada com o que chama de "violência nas ruas", o que é sabido e compreensível, dado o potencial de estrago que os protestos podem causar na popularidade de Dilma Rousseff.
Os mais preocupados com o "risco rua"(expressão deste colunista) dizem que o trabalho policial de inteligência, tanto federal como Estado, havia ajudado a desorganizar e conter grupos mais violentos "ao longo do final do ano" (não se explica como isso teria ocorrido). "Grupos pequenos", porém, "são capazes de fazer muito estrago, ainda não sabemos se propositadamente".
O que vai ser feito? O que já foi anunciado. Força Nacional de Segurança nas cidades da Copa, uma tentativa de "ampliar a colaboração" no "trabalho de inteligência" com os Estados, colocar, "quando adequado", a Polícia Federal para investigar "excessos e ilegalidades".
Quanto ao risco de apagão, gente que trabalha no Planalto diz que há "consenso técnico em todo o governo" de que "não tem como acontecer neste ano" (isto é, não há risco de racionamento), "não é só propaganda, não", completa algo comicamente esse alto executivo de Dilma, que até ri do ato falho.
A situação dos reservatórios é "muito ruim", mas as alternativas de geração de energia "agora são várias" e foi feito "um grande trabalho desde 2003 para interligar o país, de modo a levar energia de onde há sobra para onde há estresse".
Quanto ao tumulto financeiro, gente do governo diz que não há o que fazer a não ser "manter a cabeça fria, mostrar que o país tem defesas como reservas grandes, pouca exposição privada ao risco cambial, dívida pública sob controle e inflação cadente [sic]".
O governo vai "mostrar na hora certa as providências para enfrentar mais esse período de vento contrário". Essa foi a resposta à pergunta sobre o plano de gastos do governo para este ano e sobre a possibilidade de o governo aparecer com alguma outra medida de mudança de política econômica.
O "mercado ao longo do ano vai saber fazer a distinção que não está fazendo agora, misturando várias situações de economias diferentes no mesmo saco".
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