O Estado de S.Paulo - 14/01
Nos últimos meses, apareceram mais evidências de equívocos no modelo de energia elétrica. Por exemplo, o vulto dos subsídios concedidos pelo governo federal às geradoras para compensar a mudança tarifária de 2013; os danos provocados no mercado de gás natural pelos subsídios dados ao preço do óleo combustível; o descontrole das despesas correntes em usinas estatais; ou a cobrança de R$ 12 bilhões da União pela Eletrobrás como indenização pela antecipação de concessões. Em contrapartida, há o exemplo de empreendedores privados que, em plena crise, em pouco mais de uma década montaram o parque eólico de Caetité, na Bahia, descrito na reportagem de Renée Pereira, no Estado de domingo.
Mas predominam os maus exemplos da política energética, mostrou estudo do Instituto Acende Brasil sobre a falta de transparência do modelo brasileiro de energia, que é analisada desde o racionamento de 2001.
Um dos erros de planejamento das usinas térmicas fica exposto com clareza nos períodos em que as termoelétricas são muito acionadas, como em 2011 e 2012, quando os reservatórios das hidrelétricas apresentaram níveis baixos, que impunham a operação intensiva das térmicas, sob pena de pôr em risco a oferta de energia.
As térmicas, segundo o presidente do instituto, Claudio Sales, foram feitas para operar por curtos períodos, só em épocas de fragilidade do regime pluviométrico. Por isso os empreendedores investiram o mínimo possível. "Desde que o custo do capital fosse pequeno, as térmicas poderiam ter um custo operacional elevado, já que ficariam desligadas", notou Sales. Assim, apenas 30% da eletricidade gerada nas usinas térmicas tem custo módico, de até R$ 100 o MWh. Mas 54% da energia produzida pelo parque térmico tem custo alto, a metade entre R$ 100 e R$ 200 o MWh e a outra metade de até R$ 400 o MWh, informou o jornal Valor. Um pequeno porcentual da energia térmica (3,7%) chega a ter custo entre R$ 600 e R$ 800 o MWh. Os projetos térmicos negligenciaram ainda outros atributos, como a localização e a flexibilidade operacional, que lhes dariam mais eficiência.
O problema é agravado por outros erros, como o de superestimar a oferta de armazenamento dos reservatórios - e, portanto, de oferta de energia. O resultado é um aumento dos custos da energia, cabendo ao governo reconhecer a necessidade de aprimorar as informações e corrigir os erros de planejamento.
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