FOLHA DE SP - 13/12
BRASÍLIA - Michel Temer encheu a bola do prefeito Eduardo Paes e ninguém deu ouvidos, porque políticos dizem uma coisa, pensam outra e fazem uma terceira. Mas aí tem.
O Rio continua lindo --e sendo um cemitério de políticos. A cidade e o Estado adoram ondas e modismos, mas cansam logo. Criam e destroem seus ídolos com a mesma paixão.
Enquanto governadores paulistas ascendem à condição de presidenciáveis (Covas, Quércia, Serra, Alckmin...), governadores do Rio não costumam ir longe depois dos cargos, como Marcello Alencar, Moreira Franco, Rosinha Garotinho e, agora, Sérgio Cabral. Com o desmoronamento de Cabral, quem será o próximo queridinho a ser fritado?
O vice Pezão (PMDB) é bastante elogiado por analistas, mas só teria chances alavancado por um Cabral forte, e Cabral não está nada forte. Lindbergh Farias (PT) tem cancha de palanques desde a UNE e está determinado, mas não parece encantar nem mesmo as lideranças petistas.
Diante do mar revolto, pescam-se candidatos de aquário, bem coloridos e --até aqui-- sem rejeição. Eduardo Campos e Marina Silva tentam fisgar Gilberto Gil, fechando um triângulo oposicionista com ex-ministros de Lula. Aécio Neves joga a isca para Bernardinho do vôlei. Bom de bola ele é. De votos, não se sabe...
Nesse cenário, o peixe graúdo é Eduardo Paes, que é do PMDB, foi do PSDB, engoliu o PT a seco e tem encontros regulares com o ex-senador Jorge Bornhausen, ex-DEM, mentor do PSD e simpatizante da candidatura Campos pelo PSB.
Apesar da dobradinha com Cabral, Paes tenta se descolar do desgaste do governador e assistir à pré-eleição a uma distância regulamentar, enquanto cuida do seu futuro.
Seu objetivo é capitalizar a Copa em 2014, a Olimpíada em 2016 e o vácuo eleitoral em 2018. Em política, não há vácuo. Um vai, outro vem. Se não morrer pela boca nem se afogar em algum escândalo, Eduardo Paes vai ser o cara no Rio. Até ser fritado.
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