CORREIO BRAZILIENSE - 13/12
"Todos os anos deveriam ser eleitorais", repete o povo escaldado com águas passadas. A ironia procede. É tal o número de bondades anunciadas pelo governo, que fica a impressão de que o país se tornou sucursal do paraíso. Ou, talvez, a antessala da morada divina. Passada a corrida às urnas, porém, fica o dito pelo não dito.
O eleito, confiante na memória curta do cidadão, se esquece das promessas que lhe garantiram o mandato e avança com novos compromissos de olho na próxima eleição. A prática se banalizou e deixou de ser levada a sério. Não é, porém, o que sugere declaração do ministro da Fazenda. Concretizada a ameaça, as consequências vão além das palavras.
Alegando preocupação com salto inflacionário, Guido Mantega falou em adiar norma de segurança em veículos. Em 2009, duas resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) tornaram obrigatória a instalação de air bags e freios ABS em todos os carros novos. Segundo a proposta de prorrogação, em vez de elevar para 100% o percentual de veículos com os equipamentos em 2014, poderia haver aumento gradual, que se completaria em "um ou dois anos".
A procrastinação é inaceitável. Testes de impacto efetuados pelo Latin NCAP - programa de avaliação de veículos novos - apresentaram resultados preocupantes. O nível de segurança dos compactos sem air bags foi classificado de precário. Em batida frontal a 64km/h, como simulado, eles não protegem adequadamente os ocupantes. Ferem, aleijam e matam.
Em bom português: agrava-se a tragédia que banha o asfalto de ruas e estradas com o sangue de milhares de brasileiros vítimas de acidentes de trânsito. É retrocesso que a sociedade não pode aceitar. Pune-se com o passo atrás a população de menor poder aquisitivo, forçada pela renda e pela insensibilidade governamental a adquirir veículos inseguros.
As montadoras, vale lembrar, não podem alegar surpresa ou casuímos. Tiveram quatro anos para se adaptar às novas regras. Boa parte delas o fez. Modelos de projetos mais antigos, como a Kombi, o Gol G4 e o Fiat Mille, ignoraram a lei. A prorrogação lhes dará sobrevida. Não só. Automóveis que passaram a oferecer os itens de segurança deverão também retroceder. Air bags frontais e freios ABS voltarão a ser opcionais. Quem quiser pagará por eles.
O embaixador Roberto Campos costumava repetir que o Brasil não perde oportunidade de perder oportunidade. O jeitinho anunciado pelo ministro Mantega lhe dá razão. Além de desperdiçar a ocasião de melhorar o nível de segurança dos carros produzidos e consumidos no país, reforça a percepção de que os produtos nacionais devem ser vistos com desconfiança - tanto no mercado interno quanto no internacional. É tiro nas rodas.
O eleito, confiante na memória curta do cidadão, se esquece das promessas que lhe garantiram o mandato e avança com novos compromissos de olho na próxima eleição. A prática se banalizou e deixou de ser levada a sério. Não é, porém, o que sugere declaração do ministro da Fazenda. Concretizada a ameaça, as consequências vão além das palavras.
Alegando preocupação com salto inflacionário, Guido Mantega falou em adiar norma de segurança em veículos. Em 2009, duas resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) tornaram obrigatória a instalação de air bags e freios ABS em todos os carros novos. Segundo a proposta de prorrogação, em vez de elevar para 100% o percentual de veículos com os equipamentos em 2014, poderia haver aumento gradual, que se completaria em "um ou dois anos".
A procrastinação é inaceitável. Testes de impacto efetuados pelo Latin NCAP - programa de avaliação de veículos novos - apresentaram resultados preocupantes. O nível de segurança dos compactos sem air bags foi classificado de precário. Em batida frontal a 64km/h, como simulado, eles não protegem adequadamente os ocupantes. Ferem, aleijam e matam.
Em bom português: agrava-se a tragédia que banha o asfalto de ruas e estradas com o sangue de milhares de brasileiros vítimas de acidentes de trânsito. É retrocesso que a sociedade não pode aceitar. Pune-se com o passo atrás a população de menor poder aquisitivo, forçada pela renda e pela insensibilidade governamental a adquirir veículos inseguros.
As montadoras, vale lembrar, não podem alegar surpresa ou casuímos. Tiveram quatro anos para se adaptar às novas regras. Boa parte delas o fez. Modelos de projetos mais antigos, como a Kombi, o Gol G4 e o Fiat Mille, ignoraram a lei. A prorrogação lhes dará sobrevida. Não só. Automóveis que passaram a oferecer os itens de segurança deverão também retroceder. Air bags frontais e freios ABS voltarão a ser opcionais. Quem quiser pagará por eles.
O embaixador Roberto Campos costumava repetir que o Brasil não perde oportunidade de perder oportunidade. O jeitinho anunciado pelo ministro Mantega lhe dá razão. Além de desperdiçar a ocasião de melhorar o nível de segurança dos carros produzidos e consumidos no país, reforça a percepção de que os produtos nacionais devem ser vistos com desconfiança - tanto no mercado interno quanto no internacional. É tiro nas rodas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário