FOLHA DE SP - 13/12
Você conversa sobre o Ensino? Ou só menciona o assunto quando é para falar em "valorizar o professor"?
Já que estamos em época de retrospectiva, responda rápido: qual a notícia mais importante de 2013? Você deu mais atenção ao "selfie" que Obama clicou no funeral de Nelson Mandela ou ao escândalo da Siemens? Falou mais sobre o aumento do IPTU ou sobre o helicóptero vilão?
Só dá "selfie", o inocente autorretrato que, no caso do Obama, todos usaram da ferocidade de um Joaquim Barbosa para julgar, como se o presidente dos EUA costumasse destoar dos ambiente que frequenta ou se as tribos africanas não celebrassem a morte com festa e o evento para Mandela não tivesse ocorrido em tom celebratório.
Ou, sei lá, não sei. Não sei mesmo se você costuma comentar o caso Siemens na rodinha do café, mas queria compartilhar minha curiosidade: onde será que Alckmin esconde o rigor com o qual jurou apurar as denúncias apresentadas pela Suíça em 2011? Né?
Bem, então, quem sabe, no almoço da vovó, todos na sua família reclamem do pavoroso aumento do IPTU que o prefeito Haddad tenta impor e que, pela graça de Deus, numa reação nada eleitoreira (não, nada) do Paulo Skaf, aquele senhor que não quer (não, não quer) ser governador, papa e também artilheiro do Barcelona tomou em conjunto com o PSDB (veja só que coincidência), partido que só tem como objetivo os melhores interesses de todos, conseguiram, por ora, deter na Justiça. Se você reclamou, é sinal que deveria estar comemorando, porque isso quer dizer que você mora: 1) muito bem e 2) em imóvel que valorizou para chuchu. Sim, porque o plano de Haddad prevê IPTU mais baixo para imóveis da periferia, sabia não?
Mas pode ser que você tenha prestado mais atenção no caso do helicóptero da família Perrella. Pela graça do Bom Jesus do Rio Pequeno e da Fazenda Grande, a polícia esclareceu tudo com competência ímpar. O helicóptero, que usava passaporte falso, agiu em parceria com o mordomo, digo, o piloto e ambos foram enviados a ilha do Diabo, na Guiana Francesa, onde ficarão detidos pelos próximos 30 anos. Ambos expressaram o desejo, registrado em cartório, de não prestar esclarecimentos públicos.
Inflação, eleição do papa, performance insípida do PIB ou do seu marido: escolha o assunto que for e eu lhe direi que não tem importância perante a constatação de que a aprovação do Plano Nacional de Educação, cuja emenda ficou dois anos parada na Câmara e mais um ano no Senado, foi rejeitada mais uma vez nestes dias.
Todos nós só passamos de raspão pelo assunto Educação e, mesmo assim, só para falar em "valorizar o professor". Tome lenga-lenga!
E, nesta semana, mais uma vez, o Brasil surgiu em colocação indigna no PISA, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos. Não é questão de injetar mais dinheiro no sistema, dinheiro, agora com o pré-sal, haverá de sobra.
A ordem do dia (alô, Cristovam Buarque! beijaçaço!) é tirar das prefeituras o poder de fazer da verba destinada à Educação o que bem entendem. É federalizar na marra o ensino. Nem que leve 20 anos para completar o serviço.
A esta altura, já deu para ver que não é possível traçar plano de metas e/ou cobrar resultados de todos os municípios do país. O tutu acaba virando TVs de tela plana para a dona Maricota --é o que os gringos chamam de "lack of accountability".
Mas, em vez de falar nisso, a gente quer mais é saber do Félix. Ou do mensalão. Você comentou sobre a votação do PNE com alguém? Seguiu ao vivo na TV com a mesma empolgação dedicada ao mensalão? Que pena.
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