FOLHA DE SP - 25/11
BRASÍLIA - Uma das bandeiras eleitorais da presidente Dilma Rousseff caminha para ser arriada, frustrando sua estratégia de usá-la na campanha da reeleição como uma de suas grandes conquistas.
Falo da meta estabelecida pela petista de derrubar a taxa de juros durante seu mandato. Nesta semana, ela deve voltar à casa dos dois dígitos, batendo em 10% ao ano.
Pior. O cenário de incertezas na economia mundial pode levá-la aos 11% ainda no primeiro semestre do próximo ano, acima dos 10,75% herdados do ex-presidente Lula.
Em outras palavras, Dilma não só falhou no seu objetivo, como pode terminar seu mandato com juros mais altos do que recebeu.
Seu equívoco foi criar uma meta de taxa de juros, quando ela é instrumento para atingir a que de fato importa, a de inflação. Resultado, as duas ficaram comprometidas, quando uma deveria levar à outra.
Dilma poderia ter logrado mais sucesso. Em outubro de 2012, os juros caíram para seu patamar mais baixo, 7,25%. Uma maravilha. Só que se esqueceram da outra ponta, a que poderia sustentá-la.
Depois de um primeiro ano de forte ajuste fiscal, o governo se entregou às manobras contábeis para esconder sua gastança exatamente quando derrubava os juros. Deu no que deu, mais inflação, que forçou o BC a voltar a subir a taxa Selic.
Hoje, o governo busca recuperar a credibilidade perdida na área fiscal para tentar segurar a inflação e reduzir a dose dos juros. Tarefa difícil diante de sua ambiguidade.
Dilma e sua equipe têm até se esforçado para mostrar maior rigor fiscal, mas não assumem publicamente compromisso com uma meta fixa, realista, de economia de gastos para pagamento da dívida pública.
Prometem apenas algo vago ou inatingível. Sinal de que não bancam suas próprias metas. Aí, fica difícil pedir que acreditemos neles. Afinal, discurso não convence mais ninguém. É preciso entregar.
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