FOLHA DE SP - 29/10
RIO DE JANEIRO - O fardo que a Petrobras terá de carregar nos próximos anos pode não ser tão pesado, se algumas afirmações da presidente da estatal, Graça Foster, dispersas nas entrelinhas, tornarem-se realidade. A executiva tem dito que o investimento da Petrobras no pré-sal será viável de acordo com a velocidade desejada para a exploração da imensa reserva de petróleo.
Se o governo quiser acelerar, a estatal não terá condições de acompanhar o ritmo, sinaliza sutilmente Graça Foster, pois a amarra legal a obriga a injetar 30% do investimento de todos os campos e ser responsável pela gestão da área. Muitos na indústria do petróleo creem que essa regra vai cair. Nos bastidores, técnicos da estatal também torcem para o fim dessa reserva de mercado.
Sem poder reajustar a gasolina para não comprometer a inflação, a Petrobras não tem fôlego de caixa para fazer aportes vultosos no pré-sal. Seu lucro caiu 39% em relação ao terceiro trimestre de 2012. Cairá novamente, se um aumento dos combustíveis não vier.
É papel do governo priorizar e agilizar a produção do pré-sal. A gigantesca reserva só terá valor para a sociedade quando o óleo começar a jorrar e uma expressiva fatia dele, convertido em dinheiro, engordar o cofre do Tesouro.
Se não for dragado pelos ralos das más administrações públicas, os 85% de royalties do pré-sal que irão para a educação serão capazes de fazer a esperada revolução.
Só com mais investimento em educação o Brasil vai conseguir sair da armadilha de ser um país de renda média --nem rico nem pobre--, com maior produtividade da sua força de trabalho.
Resta ao governo decidir acelerar esse processo ou não. Ou muda a regra que desobriga a Petrobras de estar em todos os campos do pré-sal ou permite à estatal fazer mais caixa com o reajuste da gasolina.
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