CORREIO BRAZILIENSE - 11/10
A decisão unânime dos diretores do Banco Central (BC), reunidos quarta-feira no Comitê de Política Monetária (Copom), de aumentar pela quinta vez este ano a taxa básica de juros da economia (Selic) era mais do que esperada. Tampouco a dose aplicada - meio ponto percentual, de 9% para 9,5% ao ano - ficou fora das previsões do mercado, apesar de a inflação ter apresentado desaceleração em setembro.
É, aliás, essa falta de surpresas, confirmada pelo próprio BC, que chama atenção e merece reflexão. Em lacônica nota - por sinal, igual à da reunião anterior -, a autoridade afirma que "o comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano". Poucas palavras que dizem muito.
Decisão e nota, vale lembrar, foram precedidas por manifestações oficiais do próprio BC, sinalizando um afinamento de discursos entre a autoridade monetária e o governo, o que, agora, fica mais bem entendido. A unanimidade e a escolha do percentual (havia apostas em 0,25 ponto percentual), somadas à indicação de que uma nova elevação da Selic pode ocorrer na última reunião do ano, em 27 de novembro, parecem indicar que o governo, afinal, concordou que a inflação de 2013 já está dada e que a prioridade passou a ser evitar que ela provoque estragos no bolso do eleitor em 2014, ano eleitoral.
De fato, enquanto a maioria dos especialistas projeta inflação entre 5,5% e 5,8% no fim deste ano, o temor de que o IPCA encoste no teto de tolerância de 6,5% em 2014, ou mesmo o ultrapasse, é grande. Há dúvidas quanto ao câmbio e ao mercado de crédito internacional nos próximos meses. E há certezas quanto a preços represados no mercado interno, especialmente os controlados pelo poder público. É o caso da gasolina, que pode ser reajustada em 6% no varejo ainda este ano, além do transporte coletivo, que teve os aumentos de 2013 congelados em razão das manifestações de junho.
Nesse cenário de brumas, o Banco Central preferiu ser conservador agora para não ser surpreendido em 2014, e parece ter convencido o governo de que essa é a melhor estratégia. Não é por outro motivo que muitos analistas já apostam que a Selic fechará o ano em 10%. Será, no entanto, precipitado acreditar que o Planalto abandonou o foco desenvolvimentista. Mais sensato parece ser considerar que, finalmente, o governo entendeu que o efeito do crescimento menor (menos empregos) demora mais a ocorrer do que a percepção de perda do valor do salário provocada pela inflação. Nada é para sempre, quando o calendário eleitoral passa a pesar demais.
De resto, fica mais uma vez evidente que o crescimento não sofreria os males dos juros altos e a inflação seria bem menor se o Banco Central não ficasse sozinho com a tarefa de inibir a corrida dos preços. O governo precisa fazer melhor a sua parte, contendo a expansão de todo gasto público que não resulte em investimento, reduzindo a carga tributária e o custo gerado pelo excesso de burocracia. Sem isso, o sonho de baixar os juros, que inibem a produção e o consumo no Brasil, continuará frustrado.
É, aliás, essa falta de surpresas, confirmada pelo próprio BC, que chama atenção e merece reflexão. Em lacônica nota - por sinal, igual à da reunião anterior -, a autoridade afirma que "o comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano". Poucas palavras que dizem muito.
Decisão e nota, vale lembrar, foram precedidas por manifestações oficiais do próprio BC, sinalizando um afinamento de discursos entre a autoridade monetária e o governo, o que, agora, fica mais bem entendido. A unanimidade e a escolha do percentual (havia apostas em 0,25 ponto percentual), somadas à indicação de que uma nova elevação da Selic pode ocorrer na última reunião do ano, em 27 de novembro, parecem indicar que o governo, afinal, concordou que a inflação de 2013 já está dada e que a prioridade passou a ser evitar que ela provoque estragos no bolso do eleitor em 2014, ano eleitoral.
De fato, enquanto a maioria dos especialistas projeta inflação entre 5,5% e 5,8% no fim deste ano, o temor de que o IPCA encoste no teto de tolerância de 6,5% em 2014, ou mesmo o ultrapasse, é grande. Há dúvidas quanto ao câmbio e ao mercado de crédito internacional nos próximos meses. E há certezas quanto a preços represados no mercado interno, especialmente os controlados pelo poder público. É o caso da gasolina, que pode ser reajustada em 6% no varejo ainda este ano, além do transporte coletivo, que teve os aumentos de 2013 congelados em razão das manifestações de junho.
Nesse cenário de brumas, o Banco Central preferiu ser conservador agora para não ser surpreendido em 2014, e parece ter convencido o governo de que essa é a melhor estratégia. Não é por outro motivo que muitos analistas já apostam que a Selic fechará o ano em 10%. Será, no entanto, precipitado acreditar que o Planalto abandonou o foco desenvolvimentista. Mais sensato parece ser considerar que, finalmente, o governo entendeu que o efeito do crescimento menor (menos empregos) demora mais a ocorrer do que a percepção de perda do valor do salário provocada pela inflação. Nada é para sempre, quando o calendário eleitoral passa a pesar demais.
De resto, fica mais uma vez evidente que o crescimento não sofreria os males dos juros altos e a inflação seria bem menor se o Banco Central não ficasse sozinho com a tarefa de inibir a corrida dos preços. O governo precisa fazer melhor a sua parte, contendo a expansão de todo gasto público que não resulte em investimento, reduzindo a carga tributária e o custo gerado pelo excesso de burocracia. Sem isso, o sonho de baixar os juros, que inibem a produção e o consumo no Brasil, continuará frustrado.
Um comentário:
Ótimo post, parabéns!
Conheço um site muito bom também com várias matérias e dicas interessantíssimas sobre finanças.
http://www.ongabc.org.br/
Obrigado pela atenção.
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