FOLHA DE SP - 03/09
BRASÍLIA - Eram 90 milhões em ação na canção que embalava a torcida nacional na Copa do Mundo de 1970, vencida gloriosamente pelo Brasil. Hoje, segundo as estimativas mais recentes do IBGE, já foi ultrapassada a casa dos 200 milhões.
Ufanismo futebolístico à parte, nem todos estão em ação. Para as convenções da estatística econômica, estão em idade ativa pouco menos de 70% da população brasileira, aqueles com idade entre 15 e 65 anos, entre a adolescência e a aposentadoria.
Isso significa que o país está muito perto do auge da contribuição das transformações demográficas para o crescimento da produção e da renda. Com o número de crianças em queda e o de idosos ainda relativamente pequeno, há menos inativos a serem mantidos com as riquezas geradas pelo trabalho dos demais.
O mundo desenvolvido já atravessou essa etapa do amadurecimento, quando há maior margem para poupança, chances de aprimorar a educação com o aumento dos gastos dos governos e das famílias por criança e até melhora da segurança pública.
Economistas, propensos à intranquilidade, alertam cada vez mais frequentemente para o risco de o país não aproveitar ao máximo essa oportunidade. Afinal, depois da Copa de 2022, no Qatar, o envelhecimento dos brasileiros já estará tão avançado que a proporção de inativos reassumirá a tendência de alta.
Se o critério for enriquecimento material, as preocupações procedem. Após o surto de prosperidade da segunda metade da década passada, o Brasil voltou a progredir em ritmo lento. No entanto, com mais escolarizados e menos ingressos no mercado de trabalho, a distância entre ricos e pobres passou a cair.
É o oposto do que acontecia nos anos 70, quando a economia e a desigualdade social ganhavam impulso juntas. A contradição entre o crescimento do bolo e sua divisão, então atribuída pela esquerda à ditadura militar, ainda não foi superada.
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