FOLHA DE SP - 12/08
SÃO PAULO - Que fatores terão contribuído para a dispersão da impressionante onda de protestos da última quinzena de junho?
É melhor apostar num conjunto de vetores. O recuo das autoridades nas tarifas de ônibus; a falta de líderes e objetivos condutores; o cansaço do exercício cívico reiterado; a violência, latente e explícita, dos episódios; o fechamento da janela global da Copa das Confederações.
E as férias escolares. A atração gravitacional de lugares como Maresias, Búzios, Porto Seguro e Machu Picchu deve ter agido aqui mais ou menos como o inverno russo para as tropas de Napoleão.
Não parece coincidência que o Movimento Passe Livre tenha esperado a volta às aulas para tentar reacender a centelha da revolta maciça --já que grupelhos menos ou mais violentos continuam a bloquear vias e a depredar nas grandes cidades.
O ato marcado para depois de amanhã nesta capital será um teste interessante. O MPL, um movimento juvenil conectado com sindicatos, teses e grupos de esquerda, passou a não gostar da brincadeira que havia iniciado justamente quando ela ganhou corpo e conotação apartidária.
Fazendo beicinho, o MPL chegou a anunciar sua retirada das manifestações --o que não faria diferença àquela altura-- quando o PT foi criticado pela tentativa de embarcar nos protestos. O disfarce oposicionista falhou: nas ruas de São Paulo, porta-bandeiras petistas foram lembrados, nem sempre com bons modos, de que sua sigla governa a cidade e o país.
O MPL volta à carga cercado dos companheiros de sempre, incluindo o PT. A pauta da convocação, centrada no metrô, é uma tentativa de ataque aos tucanos.
O teste da quarta-feira será de duas ordens. O MPL conseguirá arregimentar multidão comparável em tamanho e perfil --mais de 80% sem preferência partidária-- às do final de junho? Em caso afirmativo, conduzirá a pauta da indignação?
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