FOLHA DE SP - 24/08
RIO DE JANEIRO - Sempre achei que o cidadão precisa tomar partido. Entre duas opções equivalentes, ele deve pesar uma e outra, e decidir por uma delas. Ou não pesar nada, e decidir do mesmo jeito. Isso vale para religião, política ou futebol, e também para quesitos que, para os outros, podem não ser importantes, mas, para ele, são.
No meu caso, sempre preferi Paris a Nova York, gatos a cachorros, praia a montanha, jiló a quiabo e Nara a Elis. Claro que, em alguns casos, me enganei --somente há pouco, por exemplo, constatei que passei 50 anos torcendo pelo bombom errado. Mas nada supera a sensação de se certificar de que uma escolha feita no passado era a correta.
Buck Rogers vs. Flash Gordon. Ao contrário de todo mundo da minha turma, sempre gostei mais de Buck Rogers. Descobri-o no caderno de quadrinhos do "Correio da Manhã" nos anos 50 --as cores só faltavam saltar da página-- e, quando conheci Flash Gordon, muito depois, todos aqueles foguetes e asteroides pareciam "déjà-vu". E, se vinham me dizer que Buck era uma imitação de Flash, eu tinha o prazer de informar que era o contrário --Buck foi criado por Philip Nowlan e Dick Calkins em 1928; Flash, por Alex Raymond em 1934.
Nesta semana, assisti ao seriado "Buck Rogers", de 1939, do mesmo estúdio (Universal), diretor (Ford Beebe) e ator que já vivera Flash Gordon em seriados anteriores: Buster Crabbe. Pois também no cinema Buck supera Flash. Num show de delírio futurista, seus personagens têm raios laser, cinto antigravitacional, VLT (veículo leve sobre trilhos), rastreadores tipo GPS, telefone viva voz, TV interativa, ponte aérea Terra-Saturno, e acham tudo muito natural.
Mas fulminante mesmo é a cenografia do filme. Comparada à arquitetura e aos cenários Art Déco de "Buck Rogers", até a "Metrópolis" de Fritz Lang parece Brejo Seco.
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