A emoção da torcida, em Fortaleza, ao cantar o Hino Nacional, incorporada pelos jogadores, foi fundamental nos primeiros 20 minutos alucinantes e de bom futebol da seleção brasileira.
Havia, antes da partida, um grande temor de que as bem-vindas manifestações, fora do estádio e em todo o país, passassem para as arquibancadas, por meio de hostilidade ao time brasileiro. Não foi o que ocorreu. Pelo contrário. Os torcedores separaram a seleção do contexto. Mais que isso, sentiram-se orgulhosos em torcer para o Brasil.
Há também uma contradição em tudo isso, de ter protesto, fora, e festa, dentro do estádio.
Uma das reivindicações das manifestações são os absurdos gastos com os novos estádios, frequentados por torcedores que dizem apoiar os protestos. Não há mais lugar também para as fanfests, nas principais praças das cidades, organizadas pela Fifa e parceiros.
Hoje, é outro dia. Não sei o que vai acontecer, dentro e fora do estádio. Provavelmente, o torcedor da Bahia vai apoiar a seleção, ainda mais se o time jogar bem.
Mas não será surpresa se os protestos chegarem dentro dos estádios. A situação é grave. A Copa do Mundo corre perigo.
Quando não há violência, é emocionante ver as manifestações com pessoas de todas as idades.
Espero que os protestos sirvam também de estímulo para que os indignados com as misérias sociais e com os absurdos gastos da Copa se tornem, cada vez mais, cidadãos conscientes, mesmo quando silenciosos. Isso é muito mais importante que atitudes exibicionistas e marqueteiras, para mostrar que é engajado.
Por ser contra os gastos excessivos e não prioritários do governo e ter total independência em minhas opiniões, recusei o prêmio de R$ 100 mil aos campeões das Copas de 1958, 1962 e 1970.
O Brasil é favorito porque tem jogado bem, atua em casa, o calor ajuda, o time está com mais gana de ser campeão, e a Itália não terá Pirlo e De Rossi, além de ter se arrastado no segundo tempo do jogo com o Japão.
O técnico Prandelli foi muito importante na mudança da maneira de jogar da Itália, agora com um time mais leve, ofensivo e trocando mais passes.
Dentro de campo, os responsáveis por isso são De Rossi (27 anos) e Pirlo (34 anos). O único jovem brilhante é Balotelli (22 anos). Não dá para comparar as ausências de Pirlo e De Rossi com as de Paulinho e, talvez, Oscar. O Brasil piora pouco ou nada.
Falta a Neymar uma atuação espetacular contra uma grande seleção, mesmo bastante desfalcada, como a Itália. Pode ser hoje.
Se não for, será na semifinal, na final, no Barcelona ou na Copa do Mundo. É questão de tempo.
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